A beleza está no nariz de quem vê

“Seu cheiro indica um alto grau de compatibilidade genética comigo.” Uma cantada exótica e 100% The Big Bang Theory para tentar melhorar o placar das noites de sábado. Publicada hoje, uma revisão de todos os artigos científicos sobre olfato, audição e amor nos últimos 30 anos não deixa margem para dúvidas: a atração é um espetáculo multimídia, e cheiro e voz são os responsáveis pelo magnetismo misterioso que algumas pessoas não tão bonitas assim exercem sobre nós.

Analisando a coletânea com mais de 70 pesquisas, a psicóloga polonesa Agata Grovecka descobriu que a maneira de falar de um indivíduo indica sua vontade de cooperar ou dominar, seu estado emocional e até seu porte físico. Já o odor do corpo revela, mesmo que de forma inconsciente, a excitação sexual, fertilidade, dieta e compatibilidade genética do crush. Esses mecanismos servem até para evitar, ainda que de maneira instintiva, que nós sintamos atração sexual por familiares próximos.

As últimas décadas de produção científica sobre o assunto também confirmaram outras suspeitas que são velhas conhecidas dos apaixonados: isoladamente, é possível usar o cheiro, por exemplo, para prever com sucesso características reprodutivas e socioeconômicas de uma cobaia anônima. Mas quando todos os sentidos são estimulados de forma simultânea – em outras palavras, quando você tem acesso à voz, ao rosto e ao cheiro de alguém, tudo ao mesmo tempo –, você se torna capaz de acumular mais informações e fazer julgamentos mais precisos sobre o candidato a crush do que seria se fosse apresentado a seus traços de forma fragmentada, um de cada vez.

Mulheres, em geral, gostam de um nível de masculinidade considerado intermediário, e podem alcançar isso de várias formas: uma é encontrando homens que estejam na média nos três quesitos. Outra é fazendo compensações. Se o parceiro em questão tiver um queixo especialmente quadrado e másculo, por exemplo, um aroma natural mais afeminado pode compensá-lo de maneira positiva. Daí a importância de estimular o maior número possível de sentidos em uma tacada só. Homens, por outro lado, gostam mais quando o cheiro, a aparência e o timbre da voz de uma mulher transmitem a mesma informação, reforçando um ao outro.

De maneira bastante previsível, a literatura científica das últimas três décadas confirmou que homens preferem corpos bonitos em casos mais rápidos e rostos bonitos na hora de entrar em relacionamentos mais longos – e que mulheres, em geral, não fazem essa distinção. A sensibilidade feminina fica mais aguçada durante o período de ovulação, e no geral dá grande importância ao olfato (que nos homens é bem menos eficiente).

Na média, nós somos grandes narcisistas – você já havia descoberto na SUPERque casais parecidos não são coincidências, e sim resultado de preferência inconsciente pela própria imagem. Mas isso só vale para estímulos visuais: para nós, em geral, os cheiros mais atraentes expressam características diametralmente opostas às nossas.

“A maior parte das pessoas sabe quem faz seu tipo em termos de atração física, mas talvez não saiba de quais odores ou vozes gosta”, afirmou a pesquisadora à imprensa. “É aquela sensação de achar alguém atraente, mas não saber muito bem o porquê.” Na conclusão do artigo, ela recomenda que as próximas pesquisas sobre a psicologia da atração adotem um método mais abrangente de análise, que leve em contra estímulos normalmente ignorados na hora de escolher o parceiro de preferência.

“Nós esperamos que mais pesquisadores interessados na percepção de pessoas possam integrar variáveis visuais e não-visuais em suas pesquisas, e com isso contribuam com um melhor entendimento da integração de sentidos e da função da beleza no nosso cotidiano.”

Fonte: Super Interessante

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