Recentemente, muitos produtores enfrentaram prejuízos severos na produção de sementes e de grãos de milho, resultantes do aumento expressivo na incidência das doenças denominadas enfezamentos.
Estas doenças são causadas pelos molicutes espiroplasma e fitoplasma, patógenos que são transmitidos por um inseto-vetor, a cigarrinha Dalbulus maidis. “São doenças sistêmicas, altamente destrutivas, que se desenvolvem a partir da infecção da plântula de milho pelo molicute, e apenas na fase de produção podem ser reconhecidos os sintomas e os danos que causam”, explica a pesquisadora Elizabeth de Oliveira Sabato, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).
Ela ressalta que a planta enfraquecida pelo enfezamento apresenta, caracteristicamente, descolorações e/ou avermelhamento foliar, espigas pequenas, com poucos ou sem grãos. A planta também pode tombar, em decorrência do crescimento deficiente das raízes e do ataque por fungos, principalmente em áreas com alta umidade no solo.
“Principalmente na safrinha 2015, a visão dos danos causados por enfezamentos, em muitas lavouras de milho em diversas regiões produtoras, e a presença de altas densidades populacionais da cigarrinha nas lavouras jovens causaram impacto e apreensão. Isto gerou intensa movimentação na busca de soluções para conter o surto da “praga”, até então pouco conhecida no meio agrícola”, disse Sabato.
Desde então, atendendo a essa demanda, a Embrapa, que tem referência em mais de 20 anos de pesquisa e experiência nesse tema, protagonizou a divulgação de conhecimento científico atualizado sobre as interações que regulam esse complexo patossistema que envolve o milho e a cigarrinha e os molicutes, agentes causais dos enfezamentos. Estas ações somaram-se ao interesse, à colaboração e ao apoio formalizado por diversas entidades atuantes na área agrícola, incluindo empresas, cooperativas, entidades de ensino e pesquisa, fundações, sindicatos, e associações técnicas e científicas.
As palestras e os treinamentos abordaram as medidas possíveis de serem aplicadas para ajustar o sistema de produção do milho, visando minimizar o risco de danos por enfezamentos e permitir a convivência com a cigarrinha. “Considerando que nem todas as cigarrinhas são portadoras dos molicutes, é importante saber reconhecer a doença, adotar as medidas que vão contribuir para evitar os enfezamentos e conviver com as cigarrinhas. Não existe medida isolada que seja suficientemente efetiva para evitar a disseminação dos molicutes e a incidência dos enfezamentos. Por isso, há necessidade da atuação simultânea de todos os produtores para reduzir a doença em uma região”, afirmou Sabato.
Foram realizados diagnósticos e treinamentos em campo, bem como publicações técnicas em forma impressa e eletrônica. Os temas foram divulgados em entrevistas na televisão, no rádio e em jornais impressos. Algumas entrevistas foram gravadas em vídeos e permanecem disponíveis na internet (confira alguns links no final desta notícia).
Até o momento, foram ministradas mais de 50 palestras em eventos técnicos específicos e em congressos, nos estados de Goiás, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Piauí, abrangendo público presencial estimado em mais de 2.000 pessoas, entre produtores, técnicos, consultores, pesquisadores, estudantes e professores.
“Medidas recomendadas, como eliminar o milho tiguera, tratar as sementes com inseticidas e evitar semeadura em proximidade de lavouras adultas com enfezamentos, têm sido adotadas em algumas regiões, havendo expectativa atual de redução expressiva na incidência dessas doenças. Contudo, em localidades com cultivo contínuo do milho e sobreposições do ciclo da planta, ainda pode ser alta a incidência dos enfezamentos”, disse a pesquisadora.
Fonte: Sucesso no Campo