O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, negou em depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (29), em São Paulo, ter alguma relação com o decreto dos portos e com a empresa Rodrimar.
José Yunes foi preso na quinta, durante a Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal após autorização do ministro Luís Roberto Barroso, que atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O objetivo da operação foi coletar provas para o inquérito que investiga se Temer editou um decreto a fim de favorecer empresas portuárias, em especial a Rodrimar, em troca de propina. O presidente nega. A empresa diz que nunca pagou propina a nenhum agente público.
Yunes já havia prestado três depoimentos ao Ministério Público Federal no ano passado. Mesmo assim, ele teve a prisão temporária (cinco dias) decretada pelo ministro Barroso, que concordou com os argumentos da Procuradoria Geral da República para ouvi-lo novamente.
Segundo os investigadores, nos depoimentos anteriores, Yunes “teria se utilizado de subterfúgios para não responder claramente aos questionamentos, em especial os relacionados à transferência de bens para os investigados e pessoas próximas”.
No depoimento da última quinta, de cerca de duas horas, Yunes reiterou o que disse nos outros depoimentos ao Ministério Público Federal.
Em 30 de novembro, Yunes ele contou que realizou apenas uma operação de venda de imóvel para o presidente Michel Temer.
Questionado na época pelo delegado Ricardo Ishida sobre quais negócios realizou com Temer e se já havia vendido algum imóvel ou repassado algum valor ao presidente, Yunes respondeu, segundo registrou a Polícia Federal:
“Que nunca vendeu nenhum imóvel para ele como pessoa física; que há cerca de 20 anos, quando o declarante tinha uma incorporadora, Michel Temer comprou um andar em um prédio comercial da incorporadora do declarante à época; que o andar adquirido é o da Rua Pedroso Alvarenga 900, 10º andar, sendo tudo contabilizado e informado nas declarações de Imposto de Renda do declarante e de Michel Temer; que não se recorda de nenhum outro negócio envolvendo o presidente Temer; que nunca fez repasses de valores para presidente Temer ou para qualquer emissário dele ou do partido PMDB.”
No andar vendido a Temer, funciona atualmente o escritório político do presidente em São Paulo.
Nesta quinta-feira (29), no entanto, investigadores questionaram Yunes a respeito de uma operação envolvendo a venda de uma casa à primeira-dama, Marcela Temer, no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo.
Fonte: G1