O que esperar de José Eliton, Ronaldo Caiado e Daniel Vilela?

A disputa pelo voto da maioria dos eleitores goianos este ano deve ser bastante intensa. Sem as duas maiores estrelas da política estadual, Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (MDB), o jogo está bem mais equilibrado, embora com alguma diferença entre os principais candidatos colocados até agora nas pesquisas. O voto, longe de ser decidido previamente, segue tendências que são reforçadas ou aperfeiçoadas durante a campanha. E é aí, nesse ponto, que o eleitor vai se definindo e endereçando suas preferências. Ou seja, a eleição se ganha na campanha. Não antes e, obviamente, não depois.

Na fase atual da caminhada rumo ao território da disputa propriamente dita, os candidatos estão formatando a ambientação da campanha. Cada um tenta agregar o máximo de apoios, de lideranças individualmente ou de partidos, para melhorar as condições de trabalho da candidatura no campo da batalha eleitoral. Depois que isso estiver resolvido, aí será a vez de se montar a base e a roupagem do discurso.

Olhando do lado de fora tudo isso parece bastante complicado. Não é. Na verdade, grandes políticos cumprem esse roteiro sem nem se darem conta. É algo automático, instintivo, para eles. Mas é fácil reparar que José Eliton (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM) e Daniel Vilela (MDB) estão, cada qual no seu quadrado, fazendo exatamente a mesmíssima coisa: conversar o máximo para conseguir mais adeptos às suas candidaturas.

É assim também na formulação dos discursos, a tal tematização das campanhas. Tão logo se encerre a fase atual, de ambientação, será iniciada a próxima, de roupagem das candidaturas. É um momento em que se deve evitar erros. Se um candidato opta por um caminho errado, a campanha certamente será também errada, e não há como consertar depois ou durante. Um dos erros mais comuns que se comete é dar uma roupagem para o discurso que escape da linha de identificação do perfil do candidato pelo eleitorado. O candidato deve ser exatamente o que ele é, ainda que com uma apresentação discursiva diferente do dia a dia. Ou seja, a apresentação é de um candidato em campanha eleitoral, e não de uma atuação política comum.

Dentro desse viés, é possível traçar mais ou menos o que os três principais candidatos já lançados devem escrever em suas campanhas. Eles têm estilos próprios, e isso fatalmente estará impregnado em seus discursos. O único problema nesse caso é o candidato se tornar monotemático. Isso geralmente não funciona muito bem.

O senador Ronaldo Caiado tem um perfil político agressivo, incisivo. E deve ser assim que ele irá se apresentar como candidato ao governo. Claro que também estarão presentes propostas de governo, mas o formato da mensagem não terá como ser diferente. Normalmente, políticos com esse perfil conseguem eletrizar instantaneamente o grande público. Mas não basta essa característica para vencer uma eleição. Caiado terá que evitar a monotematização, armadilha mortal de candidaturas — como ocorreu em 2016 com o delegado Waldir Soares. O deputado federal, que tem perfil também agressivo politicamente, conseguiu rapidamente a tal eletrização do eleitorado, mas se perdeu depois e não conseguiu transformar esse potencial em consolidação de votos.

O vice-governador José Eliton, que assumirá o comando do Palácio das Esmeraldas dentro de uma semana, está diante de uma figura perigosíssima para seu discurso: o continuísmo. Ele precisa evitar essa armadilha e usar, aí sim, a continuidade, única base que ele poderá contar no desenvolvimento de seu discurso de campanha. As palavras são parecidas, e o significado também é, mas os resultados numa eleição geralmente são opostos. A continuidade pode e deve ser usada como principal arma eleitoral de candidatos ligados ao status quo do poder vigente, mas o eleitor não pode ver isso como continuísmo de tudo o que aí está, o que o levaria a questionar seriamente se não deve optar por uma proposta alternativa. Dar continuidade a um projeto/programa de governo bem avaliado é altamente positivo. Isso porque passa-se a ideia e a informação de que algo novo será acrescentado ao que já foi feito. O continuísmo nada mais é do que o discurso do mais do mesmo.

Por fim, o que esperar do deputado federal Daniel Vilela? Talvez o perfil dele seja o de mais complicada análise. Qual é o Daniel que vai se ver na campanha? Provavelmente, ele terá alguma agressividade, mas a linha central de seu discurso deve ser a renovação. Ele é o único candidato entre os três que pode adotar essa roupagem. Caiado chegou ao governo atual na composição de 1998 e só o deixou de vez – após várias idas e vindas — nas eleições de 2014. José Eliton é o representante do governo na eleição. Portanto, apenas Daniel pode trabalhar essa tematização de renovar o processo político estadual. Pode ser, e é realmente, muito pouco para vencer os dois fortes adversários. Além de renovar, ele terá que mostrar como pretende fazer isso. De outra forma, Daniel vai cair numa arapuca, a de mudar o que aí está — e não de renovação de todo o processo — um argumento por si só bastante fraco para movimentar o voto do eleitor.

Enfim, e por todas essas características, a campanha eleitoral deste ano promete bastante. Costuma-se dizer que eleição é uma guerra. Se for, este ano, pelo equilíbrio dos potenciais individuais dos candidatos, será a guerra decidida pela inteligência, dedicação e competência.

Fonte: Jornal Opção

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