Isolado na sala de reanimação do Centro de Assistência Integrada à Saúde (Cais) Vila Nova desde as 2 da madrugada, o técnico em informática José Nilton Pereira, de 40 anos, morreu com suspeita de H1N1 na tarde desta quarta-feira (4/4) à espera de vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Pereira não resistiu às cinco paradas cardiorrespiratórias, de acordo com a equipe médica. Outros dois pacientes estão isolados em salas improvisadas na unidade. Uma pessoa foi colocada em um consultório médico e a outra na sala de curativos. Um terceiro, que chegou às 19 horas, está internado no mesmo espaço no qual José morreu.
O namorado do técnico, José Santos de Souza, de 28 anos, contou que os dois procuraram o Cais Vila Nova na terça-feira (3), mas foram encaminhados ao Centro de Atendimento de Campinas. “Lá, um médico não quis atender. Disse que injetaria dipirona e pronto”, relata Souza.
O paciente que faleceu sentia muitas dores no peito e náuseas. “Ele estava gripado, mal conseguia falar lá no Campinas”, lembra o namorado. Sem saber para onde ir, os dois decidiram procurar a rede particular. “Fomos para o Hospital São Francisco, mas quando o caso piorou e não teríamos condições de pagar, ficamos desesperados”, lembra.
“Um médico pediu até pelo amor de Deus para algum Cais internar o José e então voltamos para o Cais Vila Nova”, lembra Souza a peregrinação de Pereira por atendimento, com quem se casaria em breve. “Ele chegou aqui com desconforto respiratório, muito fraco mesmo”, conta uma enfermeira da unidade.
Na reanimação em que estava Pereira, o condicionador de ar está queimado e uma mancha de mofo deixa um cheiro forte no lugar. “Estes locais são inapropriados para os pacientes que deveriam estar isolados em UTIs”, alerta uma técnica de enfermagem.
Fonte: Jornal Opção