Jorge Kajuru é um fenômeno político e eleitoral. Quem subestimá-lo pode dar com os burros n’água. No momento, apesar das recomendações em contrário — sobretudo de quem entende de política —, o vereador por Goiânia afirma que será candidato a senador. Aparece muito bem cotado, sobretudo nas principais de Goiás, como a capital. Mas uma eleição para senador, majoritária, é extremamente complicada. Conta muito a estrutura, relacionamento no interior e alianças políticas fortes.
Kajuru é conhecido em Goiânia e na Grande Goiânia, mas é desconhecido no interior — a maioria dos eleitores nem sabe que é vereador na capital. Ele aposta suas fichas nas redes sociais, nas quais faz um excelente trabalho de divulgação do que faz como vereador. Dada sua independência, disparando críticas para todos os lados, colhe apoio dos eleitores que estão descontentes com tudo e todos. Mas a vida é muito maior do que as redes sociais e, por isso, Kajuru ainda não conseguiu atingir, ao menos não de maneira maciça, os eleitores dos 246 municípios de Goiás.
Frise-se que outsiders, como os deputados Waldir Soares, em Goiás, e Tiririca, em São Paulo, são pules de dez para deputado. Porém, quando disputam para governador ou senador, costumam perder. Na verdade, são popularíssimos, mas, para eleições majoritárias — governo do Estado e senador —, precisam muito mais do que isto. Necessitam, sobretudo, de estrutura, de cabos eleitorais pedindo votos, de aliados fieis no interior. Para deputado, os outsiders, como Waldir Soares, Tiririca e Kajuru, não precisam se cabos eleitorais. Eles são seus verdadeiros cabos eleitorais.
Kajuru, dizem seus aliados — dado seu caráter explosivo, muitos não têm coragem de dizer-lhe a verdade, exceto de maneira oblíqua —, especialmente nos bastidores, deveria disputar mandato de deputado federal. Por quê? Por dois motivos. Primeiro, seria eleito com extrema facilidade, possivelmente sendo o mais votado. Segundo, contribuiria para eleger mais um deputado, o que interessa sobremaneira ao PRP (dadas a cláusula de barreira e o fundo partidário, os partidos pequenos estão extremamente interessados em eleger deputados). Terceiro, se candidato a senador terá uma excelente votação, mas corre o risco de não ser eleito. Portanto, no lugar de se fortalecer politicamente e de fortalecer o PRP, contribuirá para o próprio enfraquecimento e também o do partido.
Pragmático, Jorcelino Braga sempre diz que apoiará Kajuru para o cargo que quiser disputar. Mas tanto Braga quanto Benjamin Beze — aliado e amigo do vereador — querem, na verdade, que dispute mandato de deputado federal. Porque não querem trocar o certo pelo duvidoso. Mas, por respeito ao aliado, não dirão a ele o que verdadeiramente pensam e, privadamente, dizem.
Postas as questões, é preciso repetir: Kajuru não pode ser subestimado, mesmo para senador. Porque é uma força da natureza. Ele e os eleitores são forças imprevisíveis.
Fonte: Jornal Opção