O cenário é de uma verdadeira guerra e Goiás e sua capital, Goiânia, têm perdido batalhas consecutivas contra o Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika, chikungunya e ainda a febre amarela. O nível histórico de infestação, principalmente por causa da dengue, que resultou na declaração de estado de emergência em nível municipal e estadual, promete novo combate. Com mais tropas e remanejamento, a esperança é vencer a guerra contra o vetor.
A estratégia utilizada pelos governos das diferentes esferas será uma espécie de pente fino em todos os 3,12 milhões de imóveis goianos. A força-tarefa do Estado será em conjunto com os prefeitos, que por sua vez disponibilizarão seus agentes de endemia. Até mesmo o Corpo de Bombeiros e voluntários foram chamados para o enfrentamento.
Em Goiânia, ontem, o prefeito Paulo Garcia (PT) deu início a uma ação conjunta de todas as secretarias municipais, pela primeira vez, no combate aos focos do mosquito. A ação é a primeira após a assinatura do decreto de emergência em saúde na capital devido ao aumento de casos do zika vírus.
Os primeiros setores fiscalizados foram Pedro Ludovico, Universitário e Jardim Goiás. Para esses bairros foram enviados 250 agentes de endemia, o equivalente a 37,2% do contingente total do município, enquanto os demais cobriam outros setores. “Nesses locais específicos temos um índice de infestação acima de 2% e o Ministério da Saúde preconiza que fique abaixo de 1%”, explica a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Flúvia Amorim ao emendar: “Essa, na verdade, é uma continuação das ações do município, mas, a partir de agora, com a integração de mais pastas. Nessa força-tarefa iremos terminar primeiro esses bairros, visitando todas as casas, para depois passar para os demais. Com essa junção podemos adquirir mais insumos e equipamentos de combate”.
Visita
A reportagem acompanhou a visita dos agentes na Rua 1108 do setor Pedro Ludovico. Na casa do Adaílton Rodrigues Nascimento foram feitas algumas ressalvas. Uma calha cheia de folhas preocupou os agentes, que o aconselharam a fazer a limpeza. Além disso, um pneu foi encontrado no teto da casa, o que pode se tornar um foco do mosquito. O item foi descartado em seguida. “Toda semana eu faço a limpeza da casa e me preocupo porque minha mulher já teve dengue. Por isso eu tento manter tudo organizado. Tento, sempre que possível, também olhar o dos vizinhos. Às vezes eu cuido, mas o vizinho está cheio de mosquito e passa para a gente.”
E foi justamente o exemplo que Adaílton citou que aconteceu. Na casa vizinha foram encontrados diversos focos do transmissor. Em meio aos entulhos, nos pequenos potes de plástico, estavam as larvas do Aedes aegypti. Pelo menos quatro pontos da residência continham água parada com as larvas que foram exterminadas em seguida. O proprietário, que não estava no local na hora da abordagem, será notificado para fazer a limpeza. As pessoas que moram na residência alugada receberam conselhos para evitar novos criadouros.
Sujeira
Outro problema preocupante para o combate ao vetor das doenças são os entulhos e galhadas que podem esconder focos do mosquito. Apenas ontem a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) removeu 760 toneladas de entulho e 25 toneladas de galhos no município durante a força-tarefa.
O órgão realizou 100 viagens para fazer a retirada da sujeira. Além dos setores Pedro Ludovico, Jardim Goiás e Universitário, a Comurg vistoriou a Vila Redenção, Vila São João, Vila Maria José, Alto da Glória, Jardim Santo Antônio, Jardim das Esmeraldas e Areião.
Fonte: O Popular