A Justiça determinou nesta segunda-feira (21) que os 295 veículos da empresa Rápido Araguaia, apreendidos devido a uma dívida da companhia, fossem liberados novamente emGoiânia. Segundo a decisão, a medida foi tomada diante do grande impacto que a retirada desses ônibus de circulação causariam à sociedade. Usuários reclamaram da superlotação em algumas linhas e do longo tempo de espera.
A decisão foi assinada pelo desembargador José Henrique Arantes Theodoro, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo ele, a ordem de busca e apreensão será mantida, mas de modo que os veículos permaneçam com a empresa. Theodoro argumenta que pode haver risco “de grave lesão à ordem pública caso tais bens sejam em bloco retirados de operação”, diz na sentença.
A sentença foi encaminhada para Goiânia e os ônibus começaram a deixar as garagens no fim desta tarde. De acordo com a empresa, os veículos já devem voltar a circular normalmente na terça-feira (22).
Com a apreensão dos ônibus, ocorrida no sábado (19), o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (SET) teve de acionar a frota reserva das empresas que compõe a concessão para evitar maiores transtornos. Com isso, cerca de 250 veículos foram colocados em circulação. Apesar disso, os usuários reclamam da superlotação nos veículos e do maior tempo de espera.
A vendedora Maria Santana diz que aguardou por mais de uma hora em um ponto de ônibus do Parque Amazônia para chegar ao Setor Campinas. “A população não pode pagar o pato. Pegamos a tarifa. Hoje o que pagamos pela passagem é mais que um litro da gasolina. Temos nossos compromissos”, reclamou.
Já a cabeleireira Sônia Gomes diz que perdeu duas clientes no salão que trabalha em função da demora dos ônibus. Ela diz que um veículo lotado passou depois de quase uma hora de espera e não parou no ponto. Ela se indignou “que absurdo, eu não tenho nada a ver com a dívida da empresa, pago minha passagem”, disse.
Dívida
A apreensão dos ônibus aconteceu em cumprimento a um mandado judicial. O presidente do SET, Décio Caetano, explicou ao G1 que a medida ocorreu em função uma dívida de aproximadamente R$ 3,5 milhões da Rápido Araguaia com o Banco Volkswagen.
De acordo com o sindicato, a empresa está com um atraso de sete parcelas no pagamento do financiamento de ônibus adquiridos em 2009, que estava previsto para ser liquidado em junho de 2016.
Por conta da dívida, o banco entrou com uma ação contra a Rápido Araguaia na Justiça de São Paulo. A decisão a favor da instituição financeira foi expedida na noite de sexta-feira (18), com carta precatória para ser cumprida em Goiás.
Em nota, a Rápido Araguaia informou que “o atraso de sete parcelas no pagamento do financiamento de ônibus adquiridos em 2009, que estava previsto para ser liquidado em junho de 2016, ocorreu em função da crise financeira. A empresa alega que teve um aumento dos custos, em função da redução do número de passageiros, e em função da redução do número de viagens, causadas pelo maior tempo no trânsito”.
Sendo assim, a companhia afirma que teve problemas financeiros e, por isso, “ficou inadimplente, mas vai resolver a situação em breve”.
Fonte: G1