Segundo economista, a reforma é necessária, mas deve ser realizada após ampla discussão democrática e participativa.
O dia 1 de outubro é também o Dia do Idoso, estendendo-se pelos próximos 31 dias o Mês do Idoso. A data põe em evidência o fato de que a população idosa no Brasil cresce, e a crise da Previdência Social também. Especialistas apontam que até 2030 o Brasil terá a 5 população mais idosa do mundo.
Em 5 anos, entre 2012 a 2017, a população brasileira com 60 anos ou mais de idade cresceu 18,8%. O aumento evidencia o envelhecimento gradativo, como é constatado na pesquisa Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores 2017, divulgado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os números evidenciam a necessidade de reformas no Brasil, principalmente no que tange à questão previdenciária.
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com o professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/RJ), Istvan Kasznar. Para ele, a pirâmide etária no Brasil mudou. Nos anos 50, segundo IBGE, a taxa de crescimento era alta, de 3,3%.
“Os idosos eram poucos e raros”, explicou o economista.
Hoje em dia, por outro lado, o gráfico da formação etária no Brasil tem menos gente nascendo na base, muita gente no meio e muita gente acima dos 60 e 70 anos.
A expectativa de vida no Brasil hoje é de 75 anos para mulheres e 73,5 anos para homens. E é algo para comemorar. Uma conquista.
Por outro lado é inegável que uma população mais velha adoece mais e acaba afetando todo o sistema de saúde.
“Temos uma população que se cuida mais, que está mais consciente das suas necessidades, mas por outro lado está pressionando enormemente, em um ambiente de deficit fiscal, as estruturas médicas públicas”.
Kasznar destacou que mais de 70% dos aposentados depende do Sistema Único de Saúde.
Portanto, segundo ele, é necessário solucionar os dilemas da previdência se queremos manter o Estado de bem estar social.
“A previdência está deficitária, e certamente não é por causa dos contribuintes do setor privado”, afirmou o economista.
Segundo ele, os contribuintes do setor privado, na melhor das hipóteses recebem 5 mil reais por mês após se aposentar. Já os funcionparios do judiciário ou funcionários públicos federais muitas vezes se aposentam ganhando 25 ou 30 mil reais.
“Essa é uma distorção terrível. Enquanto houver essa diferença, podemos dizer que o Brasil é um país de privilégios e um país discriminador”.
Ou seja, a erforma previdenciária terá de ser feita, mas não será uma tarefa simples, já que a estrutura atual benefecia diversos setores que não desejam abrir mão de seus privilégios.
“Essa conta está vindo para as novas gerações”, alertou o economista, para quem a solução desse dilema somente poderá ocorrer em um ambiente de “discussão democrática, aberta e participativa”.
Fonte: Sputnik