O soldado da Força Nacional Josimar Pereira Silva, de 29 anos, disse em depoimento que foi acidental o tiro que matou a namorada, Nathalia Lima Costa, de 25 anos, em Jataí, no sudoeste goiano. Segundo o delegado Marlon Souza, o militar alegou que o disparo aconteceu após uma briga por causa de uma suposta traição da vítima.
“Ele disse que a namorada pegou a arma que ele guardava embaixo do travesseiro, apontou e teria dito: ‘Se você me deixar, você não vai ser de mais ninguém’. Nisso ele foi se aproximando e, quando segurou no cabo e no cano, entraram em disputa pela posse e houve o disparo”, disse o delegado.
Marlon aguarda os laudos periciais para confrontar com a dinâmica relatada pelo militar. “A versão de legítima defesa é frágil, comum à dita pela maioria dos agressores de mulheres. Temos um indicativo que o laudo de exame cadavérico indica versão diferente. Também aguardamos o laudo de local de crime e de caracterização e eficiência da arma”, afirmou.
O G1 não conseguiu localizar a defesa de Josimar. Em nota, o Ministério da Justiça informou que levou o suspeito até a delegacia e que já foi instaurado uma investigação na Força Nacional e o processo para “desmobilização imediata” do profissional.
Nathalia foi encontrada morta na quinta-feira (9), no quarto do namorado, que fugiu. Josimar se entregou na delegacia no dia seguinte e acabou preso em flagrante
Briga após mensagem
Responsável pelo auto de prisão, o delegado Marlon Souza disse que o depoimento de Josimar durou cerca de duas horas. Durante o interrogatório, ele falou que conheceu Nathalia há um ano e que namoravam à distância.
A jovem morava em Rio Verde, no sudoeste goiano, e ele em Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde atuava no presídio pela Força Nacional. Como o soldado estava de folga em Jataí, a namorada foi para a cidade e ficou na casa da família dele.
De acordo com o militar, a discussão aconteceu após ele ver uma mensagem no celular de Nathalia. “Ele disse que viu que ela recebeu mensagem e apagou de imediato. Ele questionou o motivo de ter apagado e se ela o estava traindo. Segundo ele, ele falou: ‘Não estou traindo como deveria trair’”, relatou.
Em seguida, Josimar afirmou em depoimento que se levantou e disse para a namorada se arrumar que ele a levaria de volta para Jataí. Foi quando, segundo o militar, ela pegou a arma que estava escondida embaixo do travesseiro dele e houve a disputa pelo revólver calibre 38.
Escondido em mata
Segundo o delegado, Josimar ficou escondido em uma mata na cidade até a noite de quinta-feira, quando ligou para um amigo. Depois, ele se encontrou com advogados e se apresentou à Polícia Civil, junto com integrantes da Força Nacional.
O delegado pediu que a prisão de Josimar seja convertida de flagrante para preventiva para que ele continue detido. O militar deve ser indiciado por feminicídio.
Fonte: G1