Juiz viaja para fazer audiência na casa de idosos que estão doentes, em Bom Jardim de Goiás

Magistrado disse que situação aproxima Justiça da comunidade e desmistifica a ideia do magistrado ‘burocrata que fica sentado em uma cadeira no gabinete’. Processo visa eleger um responsável para homem de 83 anos e para a mulher dele, de 79.

Um juiz realizou uma audiência na residência de um casal de idosos, que tem dificuldades para se locomover, em Bom Jardim de Goiás, no noroeste do estado. Por conta das condições de saúde, eles não têm como viajar para o fórum em Aragarças, distante 39 km. O processo em questão trata da curatela dos aposentados (nomeação de alguém que ficará responsável por eles e pelos bens).

O magistrado que fez a audiência, Jorge Horst Pereira, disse que esse tipo de expediente aproxima a Justiça da comunidade e mostra o desejo do juiz em resolver as questões apresentadas.

“Quando se faz isso, mostra-se a presença do Judiciário. As pessoas passam a confiar e ver alguém acessível, que quer resolver o problema. Não um burocrata que fica sentado em uma cadeira no gabinete”, disse ao G1.

Apesar de incomum, Pereira diz que já é “experiente” neste tipo de audiência. Segundo ele, na região, existem muitos casos de idosos que não conseguem sair e precisam dos serviços da Justiça.

“Essa deve ser a vigésima audiência que faço na casa das partes. A sensação que dá é que se não fosse isso, eles não teriam acesso à Justiça. Estariam desamparados, à margem do convívio social”, declara.

Resultado

A audiência ocorreu no último dia 23 de outubro. Cristiano Batista de Vasconcelos, de 83 anos, e Dolorinda Roberto de Vasconcelos, de 79, moram em uma casa, possuem uma pequena propriedade rural e recebem, cada um, uma aposentadoria no valor de um salário mínimo.

Ambos têm problemas de saúde e para se locomover. Ele, já bastante debilitado, sofre de mal de Alzheimer. Já a esposa, apesar de mais articulada, tem problemas de tireoide.

O processo de curatela foi proposto pelo Ministério Público. Um dos filhos foi nomeado curador, mas, a pedido do casal, outro filho, que também mora na residência, foi escolhido para o posto. Caberá a ele a responsabilidade de cuidar dos pais, bem como de seus bens.

De acordo com o juiz, essa curadoria é, por enquanto, temporária. No final deste mês, o casal será submetido a uma perícia, a qual resultará em um laudo para comprovar a real situação dos idosos.

Após esse resultado e se não houver nenhum tipo de manifestação contrária, o filho permanecerá como curador de forma definitiva.

Fonte: G1 Notícias

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