Em sessão especial realizada no último 22, no plenário João Justino de Oliveira, foi entregue o título de cidadã jataiense a Geralda Rosa de Freitas, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados ao município, em especial pela doação dos serviços educacionais prestados à comunidade escolar do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (IPSG) e à sociedade jataiense.
A mesa de trabalhos foi composta pela proponente da homenagem, a presidente da Câmara Municipal de Jataí, Kátia Carvalho, pelos vereadores Major Davi Pires, Maria Aparecida, a “Cida”, Agustinho de Carvalho Filho, o “Carvalhinho”, e Pastor Luiz Carlos e pela homenageada, Geralda Rosa de Freitas. O reverendo Ulisses de Souza ministrou o momento de ação de graças.
Ao abrir o espaço reservado aos pronunciamentos, a vereadora Cida ressaltou a importância do trabalho realizado pela mais nova cidadã jataiense. “Esta é uma homenagem mais que merecida, pois a senhora é uma mulher que sempre esteve à frente do seu tempo; mais que merecida por ter a senhora formado tantas pessoas que passaram pelo ISG, por tudo o que fez em benefício da educação em nosso município”, afirmou.
O vereador Carvalhinho revelou que desmarcou compromissos de sua agenda para que pudesse participar da solenidade: “Sua história de educadora, esposa, mãe, avó, companheira, que por tantos anos trabalhou pela educação em nosso município a torna merecedora desta grande homenagem”, declarou.
Para o vereador Major Davi Pires, a homenageada, ao longo do tempo, transformou-se em um exemplo para a sociedade. “Dona Geralda tornou-se cidadã de Jataí como lídima baluarte e modelo para todos nós, principalmente para as mulheres que buscam a formação no ramo da educação”, assegurou.
O vereador Pastor Luiz Carlos também destacou o mérito de Geralda: “É uma jornada brilhante, de dedicação, de muito empenho que tem ajudado na formação de vários jovens da nossa comunidade. Reconhecemos a merecida homenagem à senhora”.
Presidente Kátia Carvalho: “Sou muito grata por compartilhar este momento em que estamos valorizando as pessoas que tanto fizeram por nossa cidade. Muitas mulheres acreditam que não possuem oportunidade, mas digo que todas temos que lutar pelos nossos objetivos. A senhora é um exemplo para todas. Não era apenas um leão por dia que dona Geralda matava, era um bando inteiro”.
Geralda Rosa de Freitas: “Viemos para Jataí em busca de emprego e uma vida melhor. Hoje louvo a Deus pela maneira que ele me trouxe. Quero agradecer de coração esta homenagem, que não esperava de forma alguma. Era para estar de cadeira de rodas, depois de tanta luta, mas o trabalho nos dignifica. Se trabalhamos com amor, alcançamos resultado. Agora sou jataiense duas vezes, pois me considero jataiense há muito tempo”.
HISTÓRICO
Geralda Rosa de Freitas nasceu em 1935, numa fazenda do município de Cachoeira Alta-GO. Mãe de uma família numerosa, com cinco filhos, oito netos, três bisnetas, além dos filhos e netos que adotou, ela é conhecida como a “diretora do primário do ISG”. Filha primogênita de trabalhadores do campo, foi criada numa pequena gleba de terra que sua mãe herdara do pai. Desde muito pequena começou na lida dos afazeres da roça. Ajudava o pai na lavoura e no trato com os animais que possuíam. Assistia a mãe nos trabalhos domésticos e no cuidado dos seus 12 irmãos. Desses irmãos, apenas seis chegaram à vida adulta.
Aos 19 anos, Geralda casou-se com um rapaz de origem também humilde. Mudaram para Jataí, onde tiveram os dois últimos filhos. Com esforço conjugado, garantiram para seus filhos o que lhes fora negado: a escolarização em idade regular. Os filhos estavam com a idade entre 9 e 1 ano e meio e ela com 30 anos quando concluiu a 4º série e foi aprovada no exame de admissão para o curso ginasial.
No período em que cursava o ginasial, conseguiu um emprego no Instituto Samuel Graham (ISG) como zeladora. Entre 1968 e meados de 1969, trabalhou em serviços de limpeza da escola. Em 1968 foi aprovada num concurso promovido pelo Estado para o cargo de professora primária. Em 1970, ela assumiu uma turma de 1ª série primária. Nesse mesmo ano, iniciou o curso normal colegial no período noturno, concluindo-o em 1973.
Realizou outros cursos de aperfeiçoamento oferecidos pelo governo na modalidade supletiva. Um deles lhe conferiu o título de professora do ensino de primeiro grau, com direito a lecionar na 5ª e 6ª séries do primeiro grau. Exerceu um cargo de direção na Escola municipal David Ferreira de 1970 a 1975. Em 1976, veio o passo mais alto e determinante de sua carreira: assumiu a coordenação da primeira fase do primeiro grau (antigo ensino primário) do ISG, em tempo integral.
Foram mais de vinte anos conduzindo o “primário”, como era conhecida a primeira fase do, hoje, ensino fundamental. Eram vinte professoras, 800 alunos em média por ano distribuídos em 20 salas de aula por turno, mais as secretárias, merendeiras, zeladoras, que compunham o coletivo coordenado por dona Geralda.
Ela permaneceu nessa função de 1976 a 2000, quando, então, aposentou-se, com trinta anos de serviços prestados à comunidade no relevante trabalho de educar crianças. Foi na função de “diretora do primário do ISG” que dona Geralda adquiriu reconhecimento e notoriedade pelo trabalho prestado na educação de Jataí. “Um trabalho que muito a gratifica, pois coroa toda sua luta para ‘vencer na vida’ e se realizar como ser humano de trabalho. Da vida que se mostrava fadada a reproduzir as mesmas condições de seus progenitores, dona Geralda, com a ajuda de seu esposo, filhos e amigos que se juntaram na caminhada, e graças à sua tenacidade, coragem e obstinação, pode dizer que sobraram apenas os ensinamentos que conformaram seu caráter e sua índole para a resistência contra as mais diversas formas de carência. Dona Geralda, aos 84 anos, é uma inspiração para as mulheres pobres que aspiram a mudar seus ‘destinos’, aparentemente traçados para o fracasso, e a assumir o protagonismo de suas próprias histórias”, afirmou Kátia Carvalho na justificativa de sua proposta.
Crédito das fotos: Morgana Lima