Os Estados Unidos enfrentam uma “assustadora” crise no mercado de açúcar como resultado do clima instável que danificou as colheitas e que obriga o país a aumentar as importações.
Chuvas fortes, neve e frio fora de época afetam as culturas de cana e beterraba nos principais estados este ano. Na terça-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mais uma vez cortou as estimativas para a produção americana: a previsão é de que a produção total caia 8% em relação à última temporada, para 7,5 milhões de toneladas.
Por causa dos problemas na produção doméstica, os EUA serão obrigados a elevar as importações do adoçante, e o USDA aumentou as projeções de compras em 22%. Mas conseguir essas remessas pode não ser uma tarefa fácil, mesmo depois de o governo já ter feito uma intervenção para garantir a oferta.
A maior parte do açúcar importado pelos EUA vem do México, que tem prioridade no aumento de compras segundo os termos de um acordo comercial bilateral. O problema é que o México enfrenta seus próprios problemas de colheita, depois que uma seca afetou as plantações. Se os EUA precisarem comprar de outros fornecedores globais, isso pode resultar em preços mais altos. Ao mesmo tempo, a indústria açucareira dos EUA e seus clientes estão espalhados por uma vasta área geográfica, o que pode criar desafios logísticos se a necessidade de remessas aumentar.
“Os desafios logísticos de incorporar essas importações adicionais ao fluxo de oferta industrial serão assustadores”, disse Frank Jenkins, presidente da JSG Commodities, em Norwalk, Connecticut.
Na terça-feira, o USDA reduziu as estimativas para a produção de açúcar de cana no Texas, Flórida e Louisiana. A produção nacional se divide entre açúcar de cana e de beterraba. A produção da beterraba deve cair 12% em relação ao ano anterior, enquanto a safra de cana-de-açúcar pode encolher 3,5%, segundo os dados da agência.
A baixa pode ser ainda maior, disse Jenkins em e-mail.
A projeção para a produção dos EUA pode ter que ser cortada ainda mais, “aumentando as necessidades de importação dos EUA – provavelmente além da disponibilidade de exportação do México”, disse Jenkins. A JSG, maior corretora de açúcar dos EUA, realizará seu 11º Soft Commodities Symposium em 12 de dezembro em Nova York, onde serão debatidas as perspectivas globais e da América do Norte para o açúcar, bem como o cenário para o mercado de cacau.