Nos últimos cinco anos, toda a ponta sul do continente africano, onde as temperaturas médias estão aumentando duas vezes mais rápido que a média mundial, sofreu uma falta significativa de chuva. Consequentemente, essa diminuição da chuva acaba diminuindo também a produção de alimentos e aumentando a fome no continente, especialmente na África Austral.
Todos os agricultores, grandes ou pequenos, foram afetados, assim como criadores, hoteleiros e professores. No Zimbábue, a seca aumentou uma longa lista de crises, da inflação estratosférica à escassez de dinheiro, gasolina, remédios, água e eletricidade.
“Quase todo mundo na minha área tem insegurança alimentar”, disse Janson Neshava, de Buhera. “Ainda fazemos cerimônias tradicionais de chuva, mas foi em vão. Até as zonas úmidas estão agora secas e as correntes que costumavam fluir ao longo do ano são todas secas”, completa.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), 60% dos 15 milhões de pessoas do Zimbábue atualmente sofrem de insegurança alimentar. Segundo Patience Dhinda, uma autoridade local, esse número chega a 80% em Buhera, onde o armazém de grãos, que deveria abrigar a ajuda alimentar estatal, está vazio.
Cerca de 800 quilômetros a oeste, através da fronteira com a Zâmbia, as primeiras impressões sugerem que o contraste é impressionante. A grama é alta, as estradas lamacentas e os campos de milho são verdes vibrantes e saudáveis, explicou. Mas, à sombra das árvores majestosas, sentadas na terra vermelha, empoleiradas nos galhos ou nos carros de boi, centenas de pessoas esperam pacientemente que uma ONG, a Visão Mundial e o PMA distribuam alimentos, completa.