O grupo que está em quarentena há oito dias em Anápolis, a 55 km de Goiânia, forneceu, na manhã desta segunda-feira (17), novas amostras para realização do exame que detecta o coronavírus. Uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) chegou à Base Aérea, onde os repatriados estão em quarentena, por volta das 8h20. O resultado dos testes deve sair em três dias.
Segundo a superintendente de vigilância em Saúde, Fluvia Amorim, foram coletadas secreções de nariz e garganta das 58 pessoas em quarentena. As amostras saíram da Base Aérea de Anápolis a caminho do Lacen, em Goiânia, por volta das 11h.
“Passamos o swab, que é um cotonete que passamos na narina e na garganta para tentar a identificação do coronavírus. As primeiras foram processadas e deram todas negativas, agora essas serão processadas e o resultado deve sair em 72 horas”.
De acordo com ela, todos os tubos estão acondicionados em um recipiente lacrado em temperatura controlada. O procedimento, de acordo com a superintendente, é comum já na Saúde.
“Mesmo sendo um novo vírus, a metodologia é a mesma usada para a identificação do H1N1. […] Os EPIs são os mesmos, os materiais usados são os mesmos”, disse.
Fluvia afirmou que a análise é bem precisa e segura.
“Pegamos uma amostra e amplificamos ela. Esse exame vai identificar o vírus, por isso ele é tão específico. Então, se der positivo, a chance de contaminação é muito alta, e se der negativo, realmente está descartado”, detalhou.
Apesar do alto rigor no exame, a superintendente disse que, além deste, será feito outro próximo ao final previsto para a quarentena.
“Foi um protocolo definido pelos Ministérios da Saúde e da Defesa, de que sejam feitos esses três exames. Mesmo se der negativo, faremos. Assim como deu negativo na primeira e estamos fazendo a segunda. É um protocolo de segurança”, explicou.
Procedimento
As equipes de saúde entraram de quarto em quarto para colher as amostras. Os profissionais usavam macacões que cobrem o corpo todo, luvas, máscaras e óculos de proteção.
“É rápido, mas um pouco desconfortável”, disse o piloto de avião Mauro Hart, que faz parte do grupo de brasileiros que voltou da China e está em quarentena.
Os 34 repatriados e 24 profissionais que os buscaram em Wuhan – epicentro do surto do vírus – têm ainda dez dias de isolamento previstos. O primeiro exame foi feito com amostras colhidas no dia 9, quando eles pousaram na cidade goiana. O resultado saiu dois dias depois e apontou que nenhum deles apresentava indícios de contaminação.
No entanto, o período de incubação da doença é de 14 dias. Por isso as forças que integram a Operação Regresso decidiram, por cautela, mantê-los isolados por 18 dias.
Coleta
A SES informou que “técnicos do Lacen e a superintendente de vigilância em saúde estão capacitados e foram designados para realizarem essas coletas”. Segundo o órgão, são sete pessoas responsáveis por essa coleta, “formando três equipes de coleta com 2 profissionais cada e um profissional para o apoio”.
A secretaria disse que, para realizar o exame, são retiradas dos pacientes amostras de “secreção de naso e orofaringe”. Para isso, eles usam hastes com algodão na ponta.
Para que o material colhido chegue em segurança e sem alterações prejudiciais ao laboratório, eles “são acondicionados em tubos” e “mantidos em caixa de transporte contendo gelo reciclável para manter a temperatura entre 2 e 8°C”.
Chegando ao Lacen, as hastes “são processados para obtenção do material celular” e depois passam por análise para detectar o coronavírus.
Repatriados
Os grupo dos 34 repatriados da China é composto da seguinte forma:
- 4 chineses casados com brasileiros;
- 7 crianças com idades entre 2 e 12 anos;
- 23 brasileiros adultos – casais e homens e mulheres solteiros (sendo três diplomatas).
Casos
O número de mortos na China por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, chegou a 1.770 neste domingo (16), informaram autoridades de saúde locais. O total de casos confirmados ficou em 70.548, aumento de 2.048 em um dia.
No Brasil, há três pessoas que ainda passam por exames por causa da suspeita de coronavírus, dois em São Paulo e um no Rio Grande do Sul, segundo informações deste domingo (16) do Ministério da Saúde.
Até agora, houve 45 suspeitas de casos do vírus que foram descartadas depois das análises. Não há nenhum paciente com a doença no país.