Com avanço da Covid-19, oito estados têm mais de 80% das UTIs ocupadas

A situação é crítica também na cidade do Rio de Janeiro, em que a ocupação de UTIs públicas (que inclui leitos municipais, estaduais e federais) tem variado em torno de 90% nos últimos dias.

Todas as regiões brasileiras possuem ao menos um estado em situação crítica de vagas em UTIs públicas por conta da alta taxa de internações por Covid-19. O Norte do país é a que aparece no topo do ranking nacional: Amazonas tem 93% das UTIs ocupadas, Rondônia, 85%, e o Amapá, 81%.

Em Manaus, onde os hospitais privados chegaram a fechar as portas para novas internações após as festas de fim de ano, o saturamento deixou a rede pública perto de um colapso, com recordes de hospitalizações nos primeiros dias de janeiro e falha na oferta de oxigênio. Faltam leitos de UTI, apesar da taxa de ocupação no último boletim ser de 93%.

Na última segunda (11), haviam 22 leitos de UTI adulto disponíveis, mas 61 pessoas estavam na fila, aguardando transferência para leitos nos hospitais de referência contra Covid-19: 38 delas em Manaus e outras 23 em municípios do interior, que não possuem UTIs.

Boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas aponta que não há mais vagas em UTIs para pacientes oncológicos e nem em leitos clínicos pediátricos. Na rede privada, a taxa caiu nos últimos dias e, nesta segunda, era de 78% em UTIs e 92% nos leitos clínicos.

Nos primeiros dias de janeiro, Manaus também bateu o recorde de sepultamentos: foram 1.064 de 2 a 11 de janeiro, 17 a menos do que os 1.081 enterros realizados em todo o mês de dezembro, segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana e Serviços Públicos.

Rondônia aparece logo atrás do estado vizinho no ranking da taxa de ocupação de leitos. A capital Porto Velho está com 82% das UTIs ocupadas -em dezembro, o porcentual era de 59%.

Em Macapá, que concentra 90 dos 99 leitos de UTI para Covid-19 disponíveis no Amapá, a taxa de ocupação girava em torno de 91% nesta segunda. No estado, o porcentual é de 81%.

Três das sete unidades de saúde que atendem pacientes com sintomas do novo coronavírus operam no limite da capacidade. Das 90 UTIs para adultos disponíveis na capital amapaense, 74 estavam ocupadas. Na rede privada, os leitos clínicos pediátricos estão lotados.

No Nordeste, Pernambuco está em situação crítica. Mesmo com a ampliação do número de vagas de internação para pacientes com síndrome respiratória aguda grave, a taxa de ocupação no estado permanece elevada.

Nesta segunda-feira, 84% dos 952 leitos regulados pelo estado estavam ocupados. São 799 pessoas internadas em estado grave, maior número já registrado desde o início da pandemia.

No último levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, com dados de 7 de dezembro, a taxa de ocupação era de 87%. De lá para cá, 113 novos leitos foram ativados. Nesta conta, estão incluídas as vagas de UTI da rede municipal do Recife. São 120, dos quais 99 estão ocupadas (82,5% do total).

A região Sul do país também possui dois estados com altas taxas de ocupação de UTIs para Covid-19: Paraná, com 81%, e Santa Catarina, com 80%.

Mesmo com a disponibilização de 106 novos leitos em janeiro, os paranaenses ainda sofrem com o avanço da pandemia. Na quinta-feira passada (7), o governo prorrogou até 31 de janeiro o toque de recolher das 23h às 5h no estado.

A medida entrou em vigor no início do mês passado, quando o estado registrou falta de vagas de UTI na região metropolitana de Curitiba.

Apesar do cenário crítico, o governo Ratinho Jr. (PSD) manteve para o último domingo (10) uma avaliação presencial para contratação de docentes temporários, com a participação de 40 mil pessoas em 30 cidades. Segundo a APP-Sindicato, que representa a categoria, houve registros de aglomerações em locais de prova. O governo alega que os casos foram pontuais.

Já Santa Catarina ultrapassou a marca de meio milhão de casos de Covid-19, alcançando o índice de 522.478 contaminados e 5.677 mortes. A ocupação das UTIs é de quase 80% no estado e de 75% na capital Florianópolis.

Completam a lista de estados com cenário crítico de internações decorrentes da pandemia o Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste, e o Espírito Santo, no Sudeste.

Entre dezembro e janeiro, o governo sul-mato-grossense acrescentou 60 leitos de UTI para tratar casos de Covid-19. Mesmo assim, de lá para cá, a taxa de ocupação subiu de 80% para 83%. Nesta segunda-feira, havia 38 vagas disponíveis para adultos em UTIs do estado.

Em Campo Grande, a taxa de ocupação de UTIs chegou a 76%, graças a disponibilização de 33 UTIs para tratamento de pacientes com a Covid-19.

No estado de São Paulo, 65,1% dos leitos de UTI estavam ocupados. A secretaria estadual de Saúde não informa o número total de leitos existentes, só a taxa de ocupação.

Na capital paulista, a taxa de ocupação de UTIs é similar à estadual: 66%.

Já no Espírito Santo, o governo estadual esclareceu que a disponibilidade de leitos pode aumentar ou diminuir a depender da demanda. Hoje, há 662 UTIs, mas o número já chegou a 715 quando um cenário mais grave da pandemia.

Em Vitória, havia, nesta segunda-feira, 110 UTIs a mais do que em dezembro, de acordo com o último levantamento da Folha de S.Paulo. Mesmo assim, a taxa de ocupação girava em torno de 80%.

A situação é crítica também na cidade do Rio de Janeiro, em que a ocupação de UTIs públicas (que inclui leitos municipais, estaduais e federais) tem variado em torno de 90% nos últimos dias. Já no estado, essa porcentagem era de 72% nesta segunda-feira.

O único hospital de campanha que ainda existia foi esvaziado e está sendo desmobilizado depois que o prefeito Eduardo Paes (DEM) assumiu. Ele defende que os custos eram altos e que a demanda poderia ser suprida por leitos desativados de outros hospitais municipais.

Com praias, transportes e bares cheios pela cidade, Paes tem indicado que não deve restringir as atividades. Seu plano é de abertura de leitos, ampliação da testagem por meio de um aplicativo para auto notificação, e criação de um centro integrado para gerir a crise.

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