Viúva pede justiça por morte de marido que recebeu tratamento alternativo para Covid de casal indiciado por curandeirismo

Após pouco menos de um ano esperando uma denúncia contra o casal, que foi indiciado por curandeirismo e exercício ilegal da medicina, Elizabeth disse que ficou frustrada ao saber que Marcelo Miguel da Silva e Joilma Abadia Avelar aceitaram um acordo do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para cumprir exigências do órão e não serem denunciados.

“Dia 20 de junho faz um ano que ele morreu. Eu esperei esse tempo todo para vir um acordo desses. Eles viram que erraram a mão, tentaram se livrar e não aconteceu nada com eles”, desabafou a viúva.

g1 não conseguiu descobrir o contato do advogado que representa o casal para pedir uma posição sobre o caso.

Questionado pela reportagem por meio de mensagem, Marcelo informou que: “está tudo certo, tudo resolvido, estou pagando o que fiz e o que não fiz para a Justiça”.

Segundo o MP-GO, o acordo foi oferecido porque o casal foi indiciado por crimes que não envolvem “violência ou grave ameaça” e nenhum deles tem antecedentes criminais.

Durante audiência com o promotor responsável pelo caso, Marcelo e Joilma confessaram que diagnosticaram e trataram Homero contra Covid-19 com uso de imãs. Além disso, eles confirmaram que não tinham registro ou autorização para oferecer esse serviço.

A Justiça homologou o acordo para o casal pagar, no total, R$ 5 mil, divididos em dez vezes, a uma instituição que ajuda crianças e adolescentes de Nerópolis, e não ser processado pelos crimes de exercício ilegal da medicina e curandeirismo.

Os comprovantes dos acordos foram acrescidos ao processo na Justiça de Goiás na segunda-feira (23).

Indignação

Elizabeth contou que o marido descobriu que estava com Covid-19 no início de junho de 2021. “Ele disse que já tinha ido no ‘doutor Marcelo’ e que ele disse que era assim mesmo. Para mim, ele estava tendo atendimento médico”, lembrou-se.

No entanto, no dia 16 daquele mês, Homero bateu a caminhonete que dirigia em um poste e foi quando Elizabeth descobriu que, na verdade, ele estava fazendo um tratamento alternativo de biomagnetismo e não havia se consultado com um profissional habilitado em medicina.

“Trataram ele do primeiro ao décimo dia de Covid. Homero envolveu tanto com esse pessoal que estava tratando a vista e há mais de ano fazendo tratamento renal com eles. Eu nem sabia que ele tinha problema renal”, contou, desolada.

Elizabeth disse que descobriu ainda que, horas antes do acidente, o marido tinha passado mal e ido ao hospital com Joilma, mas que não aceitou fazer novo exame de Covid e que nenhum dos dois contou aos médicos que ele estava com a doença.

“O que mais me chateou nisso tudo foi eles tentarem se livrar. Se admitissem que ele estava com Covid no hospital, ele não teria quase morrido sufocado”, completou.

Ainda segundo a confeiteira, após o acidente, ela levou o marido a uma unidade de saúde, depois de volta para casa. “No outro dia, ele já estava segurando o peito para conseguir falar, com os dentes cerrados, disse que não ia para hospital nenhum, que estava tratando com ‘doutro Marcelo’, que era assim mesmo”, contou.

De toda forma, a confeiteira conseguiu levar o marido ao Hospital de Campanha (HCamp), mas ele ficou dois dias internado e morreu em seguida.

Setindo que não conseguiu a justiça que queria para Homero, Elizabeth disse que está consultando com advogados para avaliar entrar com um processo cível contra o casal.

Fonte:G1

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