Pesquisadores americanos estão sugerindo que a piscina daOlimpíada do Rio de Janeiro tenha trazido benefício para alguns nadadores. Isso teria acontecido por conta de uma falha de construção. Os atletas beneficiados seriam aqueles nadando nas raias de numeração mais alta. Mais especificamente, nadadores entre as raias 4 e 8 teria obtido tempos menores e passado para finais na competição.
O grupo de três cientistas já havia encontrado problemas em uma piscina usada em 2013, no campeonato mundial. De acordo com eles, os mais prejudicados são nadadores dos 50 metros livre—uma prova de curta duração e que exige grande velocidade por parte dos nadadores.
Os pesquisadores acreditam ter encontrado o problema após analisar dados das competições realizadas no Rio de Janeiro entre os dias 11 e 13 de agosto. Eles afirmam, de acordo com o Wall Street Jornal, que a maioria dos 16 finalistas (oito no masculino e oito no feminino) nadaram nas raias mais altas.
Entre os seis medalhistas dos 50 metros, cinco nadaram entre as raias 4 e 8. Apenas o americano Anthony Ervin, que levou o ouro na competição masculina, não nadou em uma das raias. Ele venceu o francês Florent Manaudou por apenas 0,01 segundo.
Os pesquisadores ressaltam que competidores que nadaram nas raias mais altas durante as fases eliminatórias não conseguiram repetir seus tempos quando nadaram nas centrais.
Nadadores que competiram entre as raias 5 e 8, mas nadaram entre raias 1 e 4 posteriormente viram uma piora de 0,5% em seus tempos. Os pesquisadores ressaltam que o mais comum é que o tempo melhores à medida que a competição avança.
Ontem, um site especializado em natação, o Swin Swan, havia publicado dados com uma análise parecida. A análise, escrita por Barry Revzin, encontrou distorções nos dados.
De acordo com ele, a piscina ajuda nadadores entre as raias 5 e 8 na ida. Na volta, no caso de provas mais longas, os atletas nadando entre as raias 1 e 4 são auxiliados. É importante lembrar, no entanto, que os 50 metros conta somente com a ida.
Os dados analisados mostram que possivelmente existe um problema de construção na piscina. Seria preciso um estudo aprofundado para que pesquisadores descubram qual é a falha em si.
O problema
A causa dessa anomalia seria um erro na construção da piscina. Ela foi construída exclusivamente para uso durante a Olimpíada e deve ser destruída depois. A empresa responsável pela construção foi a Myrtha Pools, uma empresa italiana.
A piscina do campeonato mundial de 2013, na qual os pesquisadores haviam encontrado problemas, também havia sido construída pela mesma empresa. A análise nos números do campeonato mundial foi publicada em um estudo.
Oficiais da Fina, federação mundial de natação, disseram ao WSJ que estão revisando os dados passados pelos pesquisadores.
Os cientistas ainda analisaram também números das competições de 800 metros e de 1.500 metros. Eles afirmam que o problema também pode ter afetado esses resultados.
Os responsáveis pela pesquisa foram Joel Stager e Chris Brammer, ambos da Universidade de Indiana, e Andrew Cornett, da Universidade Michigan Leste.
Fonte: Exame