Os pais de um jovem de 26 anos denunciam que ele foi morto na noite de terça-feira após o carro que ele dirigia ser atacado por policiais penais próximo do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Eles, que também estavam no carro, ficaram feridos. A suspeita é que o veículo da família foi confundido com o de criminosos. A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) disse que apura o caso.
Hermes Júnior de Oliveira estava no carro com a mãe e um amigo seguindo o pai, Hermes José Oliveira, que foi ao trabalho guardar um caminhão. Depois do veículo de carga guardado, Hermes José entrou no carro do filho e todos se dirigiam para casa.
“Hora que estávamos saindo, eu vi um farol e ele [policial penal] gritou: ‘Para, senão eu atiro’. E já começou a atirar em nós. Acertou a cabeça do meu filho, machucou o meu rosto perto do meu olho e a minha esposa”, contou o pai do jovem.
Hermes José contou que estava no banco de trás e, ao ver o filho baleado, segurou o volante e puxou o freio de mão, parando o carro. A família conta que pediu ajuda, mas os policiais penais não pararam para dar qualquer socorro.
A própria família colocou Hermes Júnior no banco de trás e seguiu até o Cais Chácara do Governador, mas o jovem já estava morto. “Ele morreu nos meus braços”, disse o pai. O jovem era casado e deixa uma filha de 11 meses.
A DGAP disse que policiais penais tentaram evitar o lançamento de itens proibidos dentro do presídio e entraram em confronto com um carro de cor escura e com cerca de três ocupantes, mas os criminosos fugiram.
Durante patrulha, os policiais penais viram um outro carro com as mesmas características na região e começaram a seguir. “Neste momento foi realizada tentativa de abordagem em via nos fundos das unidades prisionais, área de segurança e monitoramento da Polícia Penal, o motorista não atendeu a voz de parada e acelerou com o objetivo de evadir do local”, diz a nota.
“Por supostamente tratar de um veículo conduzido por indivíduos de alta periculosidade, armados e que teriam atirados contra guarnição de policiais penais, foram realizados disparos de arma de fogo pelos policiais na tentativa de interceptação do veículo em fuga, sendo que o mesmo evadiu do local, sem ser novamente visto pelos servidores”, completa o comunicado enviado à imprensa.
O g1 questionou a DGAP sobre o fato da família ter parado o carro, trocado a vítima de lugar, ter pedido socorro e, mesmo assim, o órgão informar que os policiais não conseguiram localizar o carro que era perseguido, mas a assessoria informou que mais informações seriam dadas apenas após a conclusão das investigações.
A família contou que, inicialmente, não sabia que se tratavam de policiais pelais. Porém, após os pais levarem Hermes Júnior para o Cais, ligaram para a Polícia Militar, que informou que os responsáveis pelos disparos eram policiais penais.
Os policiais penais se apresentaram na Central de Flagrantes da Polícia Civil. Eles foram ouvidos e liberados em sequência. As armas deles foram apreendidas.
O pai do jovem disse que, quando a Polícia Militar chegou ao local junto com um familiar, viram uma equipe da Polícia Penal no local. “Eles estavam caçando caçando alguma cápsula que deve ter caído para fugir do flagrante. Mas, com certeza, tem uma bala dentro do porta-malas do carro do meu filho e outra alojada na cabeça dele que vai saber de onde saiu”, concluiu.
Fonte:G1