O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes rebateu nesta sexta-feira (3), parte do depoimento prestado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) à Polícia Federal (PF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, arquitetado pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Moraes definiu o episódio como “ridículo” e uma tentativa de “operação Tabajara”.
Na versão apresentada à PF nesta quinta (2), do Val disse que teria se encontrado duas vezes com Alexandre de Moraes para tratar do suposto plano, uma antes do encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro, outra depois. O senador declarou que não teria recebido nenhum pedido para formalizar a denúncia.
Nesta sexta (3), Moraes admitiu que esteve com do Val em dezembro, mas só citou um encontro, após a suposta reunião dele com Bolsonaro. O ministro ainda destacou que cobrou do senador na ocasião que prestasse depoimento sobre o caso, mas ele teria se negado a colocar suas acusações “no papel”.
– Eu indaguei ao senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, que eu tomaria imediatamente o depoimento dele. O senador disse que era isso uma questão de inteligência e que, infelizmente, não poderia confirmar. Eu levantei, (me) despedi do senador, agradeci a presença. Até porque o que não é oficial, para mim, não existe – afirmou o ministro, durante sua participação online no seminário organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Lisboa.
Em tom irônico, o ministro chamou de “operação Tabajara” a suposta tentativa de golpe.
– Foi exatamente esta a tentativa de uma operação Tabajara que mostra o quão ridículo nós chegamos à tentativa de um golpe no Brasil – declarou.
– A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo – eu conversei exatamente três vezes na vida com esse senador – para que o senador pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos – acrescentou Moraes.
O ministro lembrou que a PF já tomou depoimento de Marcos do Val e que as investigações seguem para apurar a responsabilidade de “todos aqueles que se envolveram na tentativa de golpe”.
– O que poderia ser uma comédia, é uma tragédia, uma tragédia que resultou na tentativa frustrada de golpe no dia 8 de janeiro – disse.
*Com informações da AE