Detalhes da investigação sobre a morte do menino Davi Lucas de Miranda, que estão no processo judicial, revelam que o gerente do parque aquático Di Roma, em Caldas Novas, mandou tirar um tapume que fechava a entrada da obra de reforma do toboágua Vulcão. Foi nesse brinquedo que o menino de 8 anos que estava passeando com a família entrou e morreu depois de cair de 13 metros de altura.
Com a reforma do toboágua, a pista de descida estava desmontada, e foi por onde Davi desceu e caiu no meio do caminho, em 13 de fevereiro de 2022. Semanas depois, a Polícia Civil indiciou o engenheiro civil Flávio Tomaz de Aquino Musse, responsável pela obra, e o gerente Cristiano Vilela Reis por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O grupo Di Roma disse em nota, nesta quarta-feira (15), que a empresa não irá se manifestar publicamente. O advogado do engenheiro civil afirmou que vai se pronunciar apenas nos autos, ou seja, no processo judicial.
O g1 não localizou a defesa do gerente do clube para se manifestar sobre o caso até a última atualização dessa reportagem.
O processo tramita na Vara de Caldas Novas há mais de um ano e está parado. Ainda não houve denúncia contra os indiciados porque a família está em conversas com a diretoria do clube. Após isso, o processo volta a andar.
O relatório da investigação apontou que antes da morte, um tapume tinha sido colocado de forma correta para impedir a entrada de pessoas à escada do toboágua.
“É possível visualizar a conduta imprudente por parte do gerente, uma vez que a investigação apontou que ele mandou que um tapume fosse levantado no interior do vulcão, mais precisamente na base da escada que levava à plataforma na qual os toboáguas se iniciavam, o qual foi construído conforme ordenado. Todavia, posteriormente, com a fixação do tapume na área externa ao vulcão, o gerente determinou que a barreira na escada fosse retirada dali. Se não tivesse agido dessa forma, certamente David Lucas de Miranda não teria conseguido subir ao toboágua de onde caiu”, diz trecho do processo.
O delegado que investigou o caso, Rodrigo Pereira, também disse que o gerente e o engenheiro violaram o dever objetivo de cuidado ao não escalarem funcionários para tomarem conta do local que servia de passagem para veículos na obra.
“Estava delimitado apenas por fita plástica zebrada. Se houvessem tomado esse cuidado que lhes era imposto pelas circunstâncias concretas do local, teriam evitado a morte Davi Lucas naquela situação”.
O relatório policial destacou ainda que quatro pistas de descida tinham início da plataforma, mas somente uma estava fechada.
“Havia vários pontos em que esses anteparos poderiam ter sido colocados para evitar a queda da criança, dentre os quais podem ser citados: o início da rampa de acesso ao vulcão, a base da escada da plataforma, a própria plataforma e a abertura dos toboáguas. Todavia, isso não foi feito”, disse a polícia.
Sinalização da obra
A Polícia Técnico-Científica (PTC) analisou as imagens das câmeras de segurança do clube DiRoma para descrever toda a dinâmica da morte do menino Davi. A perícia examinou vários aspectos do vídeo, entre eles, o trajeto, a movimentação e a situação do parque até o evento fatal.
O Conselho de Engenheira e Arquitetura de Goiás (Crea) afirmou que em locais de grande circulação de pessoas, como um parque aquático, é indicado que haja pessoas vigiando e orientando sobre a interdição do espaço, além de uma estrutura reforçada de proteção para que apenas trabalhadores autorizados consigam ter acesso.
“É muita gente, um público muito diversificado. Um detalhe importante é que o clube estava em operação. Circulam pessoas que não sabem dos locais onde estão impedido o acesso ou estão em manutenção”, disse o coordenador da área de segurança do Crea, Ricardo Ferreira.