Agentes da Polícia Federal (PF) que cumpriram mandados contra o principal auxiliar do deputado Arthur Lira (PP-AL), Luciano Cavalcante, e o motorista do auxiliar, Wanderson de Jesus, descobriram algo que pode implicar diretamente o presidente da Câmara dos Deputados: o nome “Arthur” está em listas de pagamentos nas quais constam diversos registros de depósitos. As informações foram divulgadas em reportagens publicadas pela revista Piauí e pela Folha de S.Paulo neste domingo (25).
Luciano e Wanderson foram alvo de busca e apreensão da Operação Hefesto, que investiga fraude em licitação e desvio de R$ 8 milhões na compra de kits de robótica pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com Wanderson, os agentes apreenderam um caderno-caixa, mostrando saldos, repasses, destinatários e datas.
De acordo com a Piauí, as anotações eram referentes aos meses de abril e maio deste ano. Nos documentos, o nome “Arthur”, que os investigadores suspeitam ser uma referência a Arthur Lira, aparece 11 vezes e é acompanhado dos maiores valores, que somam R$ 265 mil. O total dos repasses anotados na lista chega a R$ 496 mil.
Além das anotações achadas com Wanderson, que foram divulgadas pela Piauí, o jornal Folha de S.Paulo também noticiou que PF encontrou documentos com Luciano Cavalcante nos quais também constam repasses a “Arthur”, mas no período entre dezembro de 2022 e março de 2023. Nesse período, o primeiro nome de Lira é beneficiário de cerca de R$ 650 mil.
Segundo a Folha, essas suspeitas levaram a PF a enviar a investigação sobre os supostos desvios em contratos de kits de robótica para o Supremo Tribunal Federal (STF), dado o foro por prerrogativa de função do deputado federal.
DETALHES DE LISTA COINCIDEM COM LIRA
Entre as anotações de abril, o nome Arthur aparece como destinatário de um repasse de R$ 20 mil, no dia 8, e de mais R$ 30 mil uma semana depois, no dia 15. Já no dia 17, foi registrado um gasto de R$ 3.652 para “Hotel Emiliano = Arthur”. Coincidentemente, o Hotel Emiliano, em São Paulo, é onde Lira costuma se hospedar na capital paulista.
Outra coincidência entre o “Arthur” da lista e o presidente da Câmara é uma anotação de R$ 29,2 mil com a referência “Djair = Arthur”. No relatório da PF não está descrito quem seria “Djair”, mas Lira emprega em seu gabinete um secretário cujo nome é Djair Marcelino. O homem, inclusive, já foi denunciado como integrante de um milionário esquema de rachadinha.
Além dos repasses já citados, o “Arthur” das anotações ainda aparece em outros registros, entre eles um repasse de R$ 100 mil feito no dia 28 de abril. Em maio, os gastos não chegam a valores tão altos, mas ainda são descritos repasses como “materiais elétricos fazenda = Arthur”, de R$ 23,85 mil. O presidente da Câmara possui fazendas em Alagoas.
AS EXPLICAÇÕES
À Polícia Federal, o motorista Wanderson de Jesus disse que as anotações eram referentes a pagamentos que ele próprio realizou a mando de Luciano Cavalcante. Procurado pela Piauí, o advogado André Callegari, que representa Luciano e Wanderson, não respondeu se os dois fizeram pagamentos pessoais a Lira e disse que aguardará a investigação.
Já a assessoria de Lira declarou à publicação que “toda a movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, tem origem nos seus ganhos como agropecuarista e da remuneração como deputado federal”.
Fonte:Pleno.News