Bolsonaro nega que tenham tentado convencê-lo a dar golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha pretendido dar um “golpe” e afirmou que ninguém em seu entorno tentou convencê-lo a isso. Em entrevista à Crusoé nesta quarta-feira (26), o ex-chefe do Executivo disse que se planejasse ficar no poder, ele teria feito o movimento “durante o mandato”, não “uma semana depois” de deixar o cargo de líder do Planalto.

– Desde quando assumi, falavam: “Ah, o Bolsonaro vai dar um golpe, vai dar um golpe”. Mas que golpe? Se eu tivesse que dar um golpe, eu daria durante o mandato. Não uma semana depois de ter deixado a Presidência da República. (…) Pensar [em golpe], todo mundo pensa. De vez em quando alguém falava alguma coisa. Agora, ninguém tentou me convencer – defendeu.

Ele prosseguiu dizendo que “dar um golpe é a coisa mais fácil que tem”, e que o difícil é o “day after, o dia seguinte”. O ex-chefe do Executivo também analisa que foi “discriminado” durante seu governo.

– Como é que o mundo vai se relacionar conosco? Temos experiência de países que tomaram medidas de força e as consequências são péssimas. Você não vê uma ação minha fora das quatro linhas. Na minha intimidade, eu fiquei revoltado quando o [Alexandre] Ramagem não pôde assumir a PF. Busquei contornar sem uma medida drástica. Quem hoje é o diretor da PF? Um amigo íntimo do Lula. Comigo não foi possível. Há uma diferença. Eu fui discriminado durante todo o mandato – acrescentou.

Bolsonaro comentou ainda sua recusa em passar a faixa para o presidente Lula no dia da posse do petista, em 1° de janeiro.

– Eu resolvi ir embora em 30 de dezembro. Jamais entregaria a faixa para alguém com o passado do atual presidente que está aí. Jamais, jamais. Pela forma como ele foi tirado da cadeia, a forma como ele foi “descondenado” para driblar a Lei da Ficha Limpa. E, depois, como o TSE tratava as questões de interesse meu e dele. O TSE foi completamente favorável ao outro lado. Mas eu considero as eleições do ano passado uma página virada – analisou.

8 DE JANEIRO
Questionado sobre as depredações de 8 de janeiro, em Brasília, o ex-presidente disse que foi um erro dos manifestantes terem ido até a área central e entrado no Parlamento.

– O pessoal queria protestar. Qual era o melhor lugar? No meu entender, se ficasse acampado na Esplanada dos Ministérios, seria pior. Então ficavam longe, afastados… agora, por dois momentos, essas pessoas erraram ao vir para a área central. Primeiro em 12 de dezembro, quando houve ônibus incendiados. No 8 de janeiro, foram pobres pessoas que se viram tentadas a entrar no Parlamento. Não era para terem entrado. Os acampamentos já estavam se esvaindo – disse.

Ele ainda defendeu que a maioria das pessoas que estavam acampadas era bem intencionada e que não há uma figura central por trás do 8 de janeiro.

– Se a vontade de buscar a verdade viesse a prevalecer, você rapidamente já teria colocado em liberdade as pessoas que estão presas. Quase toda semana recebo vídeos de crianças com pais presos. Sem motivo aparente, até porque ninguém vai dar golpe em um domingo, com cadeira vazia, desarmado e sem uma pessoa para coordenar isso daí. O próprio ministro da Defesa, José Múcio, disse que no 8 de janeiro não existiu uma pessoa central. E que quem fez o quebra-quebra não estava no acampamento. São palavras do José Múcio – enfatizou.

Bolsonaro finalizou sua análise sobre o tema questionando o motivo de o governo evitar investigações mais aprofundadas sobre o caso.

– Falam muito em achar os financiadores das manifestações, quem paga a conta… mas, quando um requerimento da CPMI pedindo as listas de hospedagem dos hotéis de Brasília depois dos atos de 8 de janeiro é rejeitado, você percebe que algo está errado. Aí você vê que o governo está extremamente interessado em que não se apure nada. Ele quer que continue essa narrativa de golpe. A gente sabe que o pessoal quer chegar a mim – pontuou.

Fonte:Pleno..News

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