Alerta da CNM: municípios correm o risco de ter ‘rombo’ de R$ 11 bilhões com reoneração

 

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) calcula que a reintrodução da cobrança de contribuição previdenciária para os 5.366 municípios com até 152,2 mil habitantes pode resultar em um déficit de até R$ 11 bilhões por ano. Essa medida representa uma redução de 12% na alíquota das prefeituras para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), conforme estabelecido na nova Medida Provisória de desoneração, recentemente assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com o propósito de pressionar o Congresso Nacional a apoiar o término da reintrodução da contribuição previdenciária para os pequenos municípios, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, convocou representantes das diversas regiões para participarem de um ato simbólico. Aproximadamente 200 prefeitos devem comparecer às 9h30 desta quarta-feira (6 de março de 2024) na sede da entidade, localizada no Setor de Grandes Áreas Norte, em Brasília.

“Iremos traçar toda a ação das nossas lideranças, pois essa é uma demanda que levará algum tempo para solução. Portanto, vamos falar com cada presente que pressione seu deputado e senador para que o Congresso cobre uma mudança no pagamento de alíquota”, disse.

Ziulkoski declarou que, caso não seja revogada a alíquota de 20% do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) aos Entes locais com até 152,2 mil habitantes, cortes terão de ser feitos “na saúde e na educação dessas cidades”. Afirmou que a CNM está aberta a “dialogar com o governo federal” por uma solução.

“Mas se o governo vier com a proposta na mesa só para que nós aceitemos, aí não haverá discussão. Foi inconstitucional. Temos estudos e propostas que podem ser construídas nesse sentido, caso não seja possível a alíquota de 8%”, declarou.

O presidente da CNM ainda disse que os pequenos municípios não podem “pagar pela dívida” federal, pois a nova alíquota irá, consequentemente, mexer em todo o orçamento já pensado pelos prefeitos dessas cidades.

CONGRESSO FOCOU NOS 17 SETORES

Inicialmente, parlamentares concentraram seus esforços na articulação para manter a desoneração da folha de pagamento em 17 setores da economia. No entanto, ao ser publicada a Medida Provisória (MP), perceberam que os municípios haviam sido excluídos, o que gerou cobranças por parte dos prefeitos.

Diante da omissão das cidades na nova MP, as prefeituras se dirigiram aos deputados e senadores, solicitando que intermediassem uma solução com o governo federal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou o governo na quarta-feira (28 de fevereiro de 2024) por manter a contribuição previdenciária dos municípios em 20%. Pacheco argumentou que o Planalto atendeu apenas de maneira “parcial” ao que foi solicitado pelo Congresso. Ele afirmou no plenário que o governo deveria ter revogado a reoneração como um todo, não apenas o trecho referente aos 17 setores da economia.

Diante das reclamações, o governo iniciou articulações para atender às demandas dos municípios. Ficou acordado que a contribuição previdenciária dos municípios será discutida no mesmo Projeto de Lei (PL) que trata do Programa de Emergência de Recuperação do Setor de Eventos (Perse). Vale ressaltar que a reoneração dos 17 setores já havia sido retirada da MP em 27 de fevereiro.

Há também um alerta para o ex-presidente Lula: caso volte a cobrar o INSS dessas cidades, a taxa total de 20% pode ter consequências eleitorais significativas.

A preocupação reside na possibilidade de perderem a disputa eleitoral em outubro, com candidatos apoiados por Lula enfrentando opositores que prometem protestar contra o aumento do imposto para os municípios, contando inclusive com o respaldo de entidades municipalistas associadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

FEDERAÇÃO DE PREFEITOS

A Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) não aderiu ao movimento da Confederação que visa pressionar o Congresso Nacional contra a reoneração de pequenos municípios. Em comunicado, a FNP destacou a necessidade de uma “pactuação desse tema” entre as duas entidades antes de encaminhar a questão para a consideração do Congresso Nacional.

Declarou que a proposta de “contemplar linearmente apenas os municípios de até 156,2 mil habitantes, com a redução de alíquota de 20% para 8%, e alijar os demais, é inconstitucional e injusta”.

“O que a FNP defende é a desoneração da contribuição dos municípios vinculados ao RGPS, em função do crescente aumento das responsabilidades locais sem as devidas fontes de receitas. E propõe um escalonamento de alíquotas, em função da Receita Corrente Líquida (RCL) per capita de cada município. Para respeitar a capacidade contributiva de cada ente, a FNP indica, ainda, uma desoneração maior para os municípios com RCL per capita menor”, falou.

Com informações de Poder 360

Check Also

Seu celular está espionando? Como testar se seu smartphone está ouvindo suas conversas

Você já se perguntou se seu celular está realmente ouvindo o que você diz? Especialistas …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *