Agora é Temer contra Alckmin

Com a desistência definitiva de Luciano Huck torna um pouco mais claro o cenário eleitoral. A disputa pela candidatura que tentará angariar o voto insatisfeito com as opções Lula e Bolsonaro – chamado genericamente voto de “centro” – está agora entre o presidente Michel Temer e o governador Geraldo Alckmin.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro Henrique Meirelles correm por fora, mas sabem que têm chance ínfima pela irrelevância nas pesquisas eleitorais. Temer também é desdenhado pela população. Que outro político inspirou uma alegoria de vampiro no Carnaval? Sua rejeição praticamente garante que não seria eleito.

Mas Temer tem a caneta da Presidência e a ilusão de que, com a recuperação econômica, pode virar o jogo. Além disso, se mantiver o cargo, continuará a salvo das denúncias contra ele na Operação Lava Jato – ambos congeladas pela Câmara – e das futuras investigações sobre o “quadrilhão” do PMDB.

Tanto Temer quanto Alckmin sabem que o tema e, em especial, a postura de Bolsonaro cativam parcela significativa do eleitorado. O descalabro que toma conta do setor, que nunca teve política nacional consistente, abre espaço para que o discurso extremista prospere.

A recuperação econômica gradual pôe a segurança no alto das preocupações do brasileiro. Alckmin tem o que mostrar. Bem antes de Temer, já falava em criar um ministério para cuidar do assunto. Também apresenta São Paulo como exemplo de sucesso no combate ao crime.

Temer aproveitou a oportunidade para mudar a agenda e fincar uma estaca no terreno disputado por Bolsonaro e Alckmin. Politicamente, mesmo que a situação não melhore, ele não tem nada a perder. Sua popularidade chegou aos níveis mais baixos na história das pesquisas. De lá, só poderá subir.

Quem enfrenta um dilema agora é Alckmin. Não é um dilema novo. Tanto ele quanto Temer defendem quase o mesmo programa econômico. A implementação está em pleno andamento e, mesmo com o fracasso na reforma da Previdência, o resultado é positivo: juro baixo, inflação baixa, desemprego em queda.

Seria natural uma aliança entre PSDB e MDB. Para Alckmin, contudo, defender Temer significaria abraçar um presidente que o brasileiro preferiria esconjurar, parecido com aquele vampiro de Carnaval de quem, a qualquer momento, poderia levar uma dentada no pescoço.

Fonte: G1

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