Especialista em contas públicas, o economista Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, acredita que a retomada do crescimento da economia pode ajudar a atenuar os problemas fiscais, mas não será suficiente para minimizar a gravidade do quadro atual, que é “bastante desafiador”.
“O equilíbrio fiscal é a chave para crescer”, avisa. “Responsabilidade fiscal significa ter clareza de que não é possível sustentar gastos públicos que correm a 200 km/h e receitas que andam a pé”, alerta. Para resolver o problema fiscal, segundo o economista, será preciso uma combinação de várias medidas. “Não há bala de prata. Tem que ter mais receita e menos despesa, e um ajuste mais profundo. Não há uma única solução salvadora.”
Salto reconhece que é importante, também, reduzir a dependência de receitas extraordinárias, algo que não é sustentável nas contas públicas. No ano passado, foram arrecadados mais de R$ 90 bilhões em receitas extras, incluindo concessões, programas do tipo Refis e outros. “Sem elas, o deficit teria sido muito pior, provavelmente, rompendo os R$ 200 bilhões”, afirma, lembrando que, no cenário mais pessimista da IFI, a relação dívida pública bruta poderá atingir 100% do Produto Interno Bruto (PIB) por volta de 2023, ou seja, daqui a apenas cinco anos.
Em um ano de existência, completado no fim de novembro passado, o IFI publicou mais de 600 páginas de relatórios, estudos e notas técnicas. Atualmente, prepara uma análise sobre regra de ouro, que se tornou um problema devido aos sucessivos deficits primários acumulados desde 2014 e que devem continuar, pelo menos, até 2022. Essa norma, prevista na Constituição Federal (que proíbe o governo de se endividar para cobrir despesas correntes, como salários), já teria sido descumprida, segundo Salto, se não fossem os repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Fonte: www.correiobraziliense.com.b