Ajuste o sonho à realidade na hora de achar a casa nova

JÚLIA ZAREMBA
DE SÃO PAULO

Encontrar um imóvel que reúna a localização, o tamanho e o preço desejados é quase impossível –mesmo depois de ficar horas ‘zapeando’ em portais imobiliários. Para fechar negócio e ter as chaves da casa nova, não tem jeito: é preciso abrir mão de algumas exigências.

Um apartamento de três quartos, no centro de São Paulo e que custasse mais ou menos R$ 400 mil era o desejo da relações públicas Ana Cláudia Barbosa, 41, e do marido, o administrador Gustavo de Lima, 42. O casal viveu por quase 15 anos na região e não queria deixá-la para trás.

A dificuldade de conciliar os três aspectos levou os dois a reconsiderar a decisão. Após cerca de dez meses de pesquisa e mais de 20 lugares visitados, compraram um apartamento de 62 metros quadrados com três cômodos na Vila Mascote, bairro na zona sul da capital que, até então, não conheciam.

“Depois de analisar uma planilha com prós e contras de cada opção, demos o braço a torcer”, diz Barbosa.

Um dos principais “prós” foi o valor: investiram R$ 450 mil no imóvel. Segundo ela, na Aclimação, onde viviam, os preços chegavam a ser 40% mais altos.

Marcelo Justo/Folhapress
O casal Ana Cláudia Barbosa e Gustavo de Lima, com o filho, Daniel Lima, no prédio em que vivem, em São Paulo
O casal Ana Cláudia Barbosa e Gustavo de Lima, com o filho, Daniel Lima, no prédio em que vivem, em São Paulo

A taxa condominial é outro custo determinante na hora de decidir pela compra de um imóvel, como observa José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP.

O critério foi decisivo para a designer de moda Júlia Duarte, 22, enquanto estava à procura de um lugar para morar. “Achei prédios com bons valores de aluguel, mas taxas de condomínio absurdas, mesmo sem atrativos nas áreas comuns”, lembra.

Foram seis meses de garimpo e frustração. Ela queria um espaço grande, para acomodar seu ateliê, e próximo a uma estação do Metrô.

Caminhando pela rua, encontrou um apartamento de 85 metros quadrados no Alto do Ipiranga (zona sul de São Paulo), que não cobra condomínio. “Foi um achado. Tive que fazer alguns reparos na casa, mas, fazendo as contas, valeu a pena”, define ela, que paga R$ 1.320 de aluguel.

Há outros fatores que podem desanimar os inquilinos ou compradores em potencial a fechar um negócio. A incidência de sol no imóvel, a proximidade com prédios no entorno, o tamanho das vagas na garagem e o estado de conservação das áreas internas e comuns são os principais, apontam Flávio Prando, da diretoria do Secovi-SP, e Roseli Hernandes, diretora comercial da Lello.

Marcelo Justo/Folhapress
A designer de moda Júlia Duarte, 22, em seu apartamento, na zona sul da capital
A designer de moda Júlia Duarte, 22, em seu apartamento, na zona sul da capital

TEMPO E DINHEIRO

Quem quer comprar um imóvel costuma demorar entre seis e oito meses para fechar negócio, enquanto quem pretende alugar encontra um novo apartamento em até três meses, segundo Claudio Hermolin, presidente da Brasil Brokers. Durante o processo, são visitadas cerca de oito propriedades no primeiro caso e em torno de cinco no segundo, acrescenta ele.

De acordo com Prando, a exigência dos paulistanos aumentou nos últimos meses. A grande oferta de imóveis disponíveis tem uma parcela de culpa nisso. “As pessoas reconhecem que o momento é delas, que podem escolher entre várias opções. Mas o cenário de muita oferta e preços baixos está acabando.”

Ter um alto padrão de qualidade não significa, necessariamente, que a procura pelo lugar ideal precise durar meses. Com as informações disponíveis em portais imobiliários, é possível tomar uma decisão em menos tempo e com mais confiança, observa André Penha, fundador da start-up QuintoAndar.

Se, por um lado, os futuros moradores andam exigentes, os proprietários também podem colaborar para a falta de celeridade no processo, especialmente no caso de locação.

“Eles não sabem o que os inquilinos estão buscando, então não investem em melhorias, dificultando o aluguel”, diz Penha. “Os novos locatários não querem fazer reformas, mas pegar as malas e mudar no dia seguinte.”

Contratar um bom corretor também ajuda no processo. Ele não precisa, obrigatoriamente, ser vinculado a uma imobiliária. Corretores autônomos podem fazer o trabalho de garimpo. O site do Creci-SP tem uma lista de profissionais por região.

“Às vezes, o que a pessoa deseja não está disponível. O especialista tem a função de oferecer uma alternativa semelhante”, afirma Hernandes, da Lello.

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PESQUISA AVANÇADA

1. Defina as principais características que procura em uma casa, como localização, tamanho e o valor que está disposto a pagar.

2. Chame um corretor especializado na região. Podem ser tanto ligados a imobiliárias quanto autônomos, que farão o garimpo para o cliente.

3. Visite o imóvel favorito em três horários e dias diferentes -um deles, no fim de semana. Isso ajudará a eliminar dúvidas.

4. Já está há mais de um ano na busca e não encontrou nada interessante? Talvez seja hora de abrir mão de algumas prioridades e encontrar opções similares.

Fonte: Folha de São Paulo

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