A suspensão das exportações de produtos da BRF Foods fabricados nas plantas industriais de Rio Verde e Mineiros, por causa dos desdobramentos da 3ª fase da Operação Carne Fraca, por enquanto, não deve afetar o volume de abate de aves e suínos na região. Ontem, representantes da empresa se reuniram com produtores integrados e garantiram que o ritmo de abates nas unidades continuará normal porque o volume de exportações para os 12 países pelo Ministério da Agricultura não é tão significativo a ponto de interromper a produção.
Desde ontem, uma grande preocupação pairava entres os produtores integrados de Rio Verde. Atualmente, quase 700 integrados fornecem aves e suínos para a BR Foods na região. Ontem à tarde, a integrada Vanda Rízzia Ribeiro Guimarães, que entrega cerca de 4 mil suínos a cada 4 meses para a empresa, ainda aguardava ansiosa por um posicionamento oficial sobre como a suspensão das exportações poderia afetar o mercado e o abate na unidade.
“O clima é de muita preocupação entre os integrados”, afirmou Vanda. Segundo ela, a cadeia envolvida na produção da indústria é muito grande e engloba dezenas de milhares de famílias da região, incluindo até os produtores de grãos. “O controle sanitário sobre a produção é muito rigoroso e, com certeza, também ocorre quando o produto chega nos países compradores”, ressalta a produtora. Ela teme que a operação repercuta na imagem e nos contratos de exportação j á firmados.
Mas o presidente da Comissão de Suinocultura da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e diretor executivo da Associação de Granjeiros e Integrados em Terminação de Rio Verde (Aginterp), Iuri Pinheiro Machado, disse que, na reunião de ontem, a empresa reforçou que o problema ocorreu em laudos de 2014 e não representa nenhum risco à saúde pública. Por isso, a indústria garantiu que continuará abatendo normalmente, pois o volume exportado para os 12 países que possuem requisitos sanitários mais rigorosos não é tão significativo a ponto de interromper o fluxo de produção.
Por isso, Iuri informa que não haverá nenhuma interrupção no alojamento de aves e na programação de retirada de frangos das granjas para abate. “A empresa garantiu que mantém seus compromissos firmados com os integrados normalmente”, destaca o presidente da Aginterp. Atualmente, a BRF abate cerca de 300 mil frangos por dia na unidade de Rio Verde. “Desta vez, a repercussão foi menor e o problema foi esclarecido a tempo. Enquanto as apurações são feitas, continuaremos a trabalhar normalmente”, garante Iuri.
Ontem, produtores integrados de Mineiros também se reuniram para discutir possíveis reflexos da suspensão na região.
Fraudes
Mas as investigações da Polícia Federal continuam. A ex-funcionária da unidade da BRF de Chapecó (SC), Tatiane Alviero, que trabalhava com rações para engorda de frangos, suínos e perus, confirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que relatou internamente fraudes nas informações de produto repassadas aos órgãos de fiscalização.
“As fórmulas nem sempre atendiam ao regulatório do Ministério da Agricultura. Por isso, era necessário fazer uma adequação para que deixassem o rótulo do Premix adequado à norma”, declarou Tatiana, uma das 11 pessoas presas na Operação e que foi libertada após o depoimento. Ela disse que a fraude era de conhecimento dos superiores da fábrica. O Premix é utilizado como complemento vitamínico e mineral às rações fabricadas pela empresa.
Fonte: www.sucessonocampo.com.br (por Lúcia Monteiro)