O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse nesta terça-feira (30) que espera a adesão de todas as 246 cidades do estado ao decreto que determina o fechamento alternado de atividades não-essenciais. Algumas cidades, no entanto, já afirmaram que vão manter a flexibilização e permitir o funcionamento das áreas, principalmente, o comércio.
O decreto publicado pelo governo, que começou a vigorar nesta terça-feira, estipula o sistema “14 por 14”. Ele se caracteriza por, inicialmente, fechar todos os setores que não forem considerados essenciais e, posteriormente, liberar e reabertura pelo mesmo período.
A medida foi aconselhada em um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) como forma de evitar o aumento de infectados pelo coronavírus, consequentemente, o colapso do setor hospitalar. No entanto, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), cada município tem autonomia para deliberar sobre medidas de isolamento. Caiado espera que haja uma adesão integral ao decreto.
“Sinceramente, diante do quadro que foi apresentado pela UFG, com base cientifica, espero a adesão dos 246 municípios do estado de Goiás. Todos eles estão analisando meu decreto hoje. Eu acredito que nas próximas horas vão se pronunciar”, afirmou Caiado.
Embora a Prefeitura de Goiânia já tenha anunciado que irá acatar as medidas determinadas por Caiado, outros municípios informaram que seguir deliberações próprias, como Aparecida de Goiânia.
Baixo isolamento
Caiado creditou o aumento de casos no estado principalmente ao baixo índice de isolamento registrado no estado nos últimos dias. Segundo ele, o ideal é entre 50% e 55%, sendo que, atualmente, Goiás tem números bem abaixo desse montante.
“[Se tivesse em 50%] estaria controlado [o número de casos]. Se tivesse isolamento de 50% nós não estaríamos nessa situação hoje. Teríamos uma condição hoje dentro do que estávamos prevendo, ou seja, uma contaminação suportável e uma demanda dentro daquilo que é a capacidade do estado de ofertar ao cidadão. Hoje temos 36%, quase isolamento algum”, afirmou.
Ele destacou que a implantação do novo protocolo, que dura 14 dias com total isolamento, faz com que a curva de casos baixe nos próximos 30 dias. Com a queda, explica, seria possível reabrir os estabelecimentos com “equilíbrio”.
“Nós sabíamos que o processo iria intensificar. A disseminação você não consegue controla-la. Nos 39 primeiros dias, nós tínhamos 100 casos confirmados. Hoje tem 23 mil casos, mais de 1000 casos por dia”.
Região da 44
Caiado também foi questionado sobre a reabertura das lojas da Região da 44, em Goiânia, segundo maior polo de confecções do Brasil. Os estabelecimentos voltaram a funcionar nesta terça-feira, mediante decreto da Prefeitura de Goiânia, após mais de três meses.
O governador disse que não concorda com sugestão do setor, que pretende abrir primeiro por 14 dias para depois fechar, mas destacou que a decisão cabe à prefeitura.
“O decreto está bem claro, ou seja, nós iniciaremos com o fechamento por 14 dias e explico porquê. Como é que nós vamos entender que Goiânia hoje, quase que não tem mais leitos a ofertar, vai abrir uma região extremamente populosa como a 44 neste momento? Qual é a explicação epidemiológica?”, questiona.
“[O fechamento] é uma decisão do município. Mas dentro daquilo que está o decreto, teria que começar agora o isolamento de 14 dias. Essa é a posição do governo. Agora, o município vai avaliar e ver o que deseja neste momento, com a consciência de que precisa proteger leitos à população”, define.