Carnaval fez a política ferver em Pernambuco e no Brasil

O carnaval de 2018 foi marcado por protestos direcionados tanto ao poder público quanto à sociedade em si. Preconceito, desigualdade, corrupção e abusos de poder estiveram no centro das manifestações, que ganharam contornos coloridos e cômicos, em alguns dos casos, durante os dias de folia. Além de ganhar as ruas, no formato de fantasias, as manifestações também tiveram espaço na TV e nos palcos.

Em Pernambuco, os protestos tomaram os principais centros de folia, como o Galo da Madrugada, as ladeiras de Olinda e o Recife Antigo. No Marco Zero, na madrugada da segunda (12) para a terça-feira (13), o vocalista da banda Natiruts, Alexandre Carlo, criticou o presidente Temer. “A todos vocês do Marco Zero, eu pediria as mãos de vocês elevando energia total. a gente sabe que muitas mãos nesse carnaval foram erguidas para dizer ‘fora Temer’. As nossas também estão erguidas por esse motivo”, disse.
Em Olinda, a frase “Fora, Temer!” foi a mais constante entre os foliões. Além de tematizar blocos, como o Eu Acho É Pouco, o grito também foi usado durante transmissões ao vivo na TV. No Galo da Madrugada, fantasias de urnas eleitorais, ironizando tanto Dilma Roussef e Lula quanto Temer e até críticas ao ministro Gilmar Mendes foram vistas.
Nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, a Paraíso do Tuiuti levou à Marquês de Sapucaí o debate sobre o fim da escravidão, corrupção e manipulação de massa. A comissão de frente questionava as implicações do trabalho escravo nos dias atuais e outra criticava o trabalho informal enquanto a ala dos “manifestantes fantoches” ironizava os que pediram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma das alegorias que mais chamou a atenção foi o “vampiro neo-liberalista”, interpretado pelo professor Leo Morais, crítica ao presidente Michel Temer.
A Mangueira foi direta ao criticar o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), chamando-o de Judas em uma alegoria. “Prefeito, não é pecado brincar carnaval”, dizia uma placa endereçada ao governante. A escola de samba desfilou com o tema “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, em referência ao corte de verbas às agremiações proposto por ele. Em São Paulo, a X-9 levou o carro Casa da Mãe Joana, com políticos portando dinheiro nas cuecas.
Coisa semelhante fez a Beija Flor, do Rio, que transformou o prédio da Petrobrás em uma “favela” guiada por um rato gigante, ilustrando a realização de negócios ilegais no local. A escola também protestou contra o preconceito com uma ala inteira dedicada à intolerância de gênero e outra à luta contra o racismo. Pabllo Vittar liderou a alegoria dedicada à diversidade sexual, enquanto Jojo Toddynho comandou o outro carro.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br

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