Oposição tucana ao democrata afirma que governador deveria apresentar provas. Parlamentar da base contra-ataca: “não foram feitas acusações, mas apenas uma exposição da situação” deixada por Perillo em Goiás
Nesta semana, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou em entrevista que a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) virou sinônimo de corrupção. A declaração gerou rebuliço entre deputados goianos, que emitiram notas oficiais e “bateram boca” sobre o assunto.
Talles Barreto (PSDB), deputado estadual que discursou em nome da oposição na posse do novo governador, afirmou que as acusações exigem provas e denúncias. “Se o governador Ronaldo Caiado tem, de fato, conhecimento de atos de corrupção praticados na Agetop, é sua obrigação apontar em quais contratos eles ocorreram, quem pagou e quem recebeu propina”, afirma o tucano.
Eleito deputado federal, José Nelto (Podemos), que discursou em nome da base aliada no dia da posse, afirmou, por sua vez, que “Caiado não faz acusações, pois respeita a divisão de poderes. Apenas expõe a situação deixada pelo líder de Talles, hoje exilado político em São Paulo”.
Neste trecho, Nelto se refere ao ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que foi preso na Operação Cash Delivery com cinco aliados. Posteriormente, também foi preso o ex-presidente da autarquia, Jayme Rincón, em dezembro do ano passado, na Operação Confraria.
Segundo Barreto, “a Agetop transformou completamente a infraestrutura de Goiás nos últimos oito anos das gestões de Marconi Perillo e José Eliton”. Ele cita investimentos na ordem de R$ 8 bilhões na construção e reconstrução de estradas, escolas, unidades hospitalares, presídios e centros para recuperação de menores, equipamentos culturais e esportivos.
E José Nelto responde: “Rodovias que receberam vultosos investimentos em pavimentos que deviam durar pelo menos 10 anos e nas primeiras chuvas desmancharam, como Sonrisal”. Ele ainda lembra o episódio envolvendo a pavimentação de uma estrada que passa por uma fazenda de José Eliton. “Faz dois repasses, que totalizam R$ 11,69 milhões à obra de pavimentação da estrada que passa na Fazenda do ex-governador José Eliton, escândalo que marca esse período que o povo goiano precisa e quer superar”, disse o aliado de Caiado.
O deputado tucano fez questão de iniciar a carta reafirmando o compromisso dos servidores da autarquia. A isso, José Nelton responde que não foi intenção do governador, mas que ele se referia ao antigo presidente, Rincón.
Caiadolândia
Agora, a Agetop está sob o comando do primo do governador, Enio Caiado. Segundo o governador, as indicações para cargos de confiança são feitas com base na experiência profissional e na capacidade dos gestores. Ele ainda disse que o nome da autarquia deve ser alterado, porque virou sinônimo de corrupção. E Talles Barreto alfineta: “deveria mudar o nome da Agetop para Caiatop, Familiotop, Primotop ou Caiadolândia”.
A justificativa de Caiado para a escolha do primo é a mesma que tem utilizado desde a época da campanha eleitoral: “estou colocando exatamente pessoas que eu sei que vão tratar daquele assunto com a mesma responsabilidade que eu trataria, que vão respeitar as regras de compliance aplicadas pela Controladoria e pela Procuradoria”.
Bárbara Zaiden
Do Mais Goiás