Ismael Alexandrino informou que não se assustou com o valor do déficit, que não há previsão da retirada das OSs e que o Credeq pode virar policlínicas
O recém empossado secretário da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, destacou que o déficit na saúde ultrapassa R$ 700 milhões. O montante envolve diversos itens como pagamento de servidores da saúde, contratos de obras, medicamentos e repasse aos municípios. Essa informação foi dada após reunião com os representantes da Organização Social (OS) que gere o Hospital Materno Infantil (HMI), Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, na tarde desta quarta-feira (2).
De acordo com o secretário, a situação não o surpreendeu, pois esperava um déficit acima dos R$ 500 milhões. Por cima, Ismael conta que o total é dividido em R$ 328 milhões referentes as dívidas de todas as Organizações Sociais que gerem os hospitais estaduais, R$ 150 milhões são de repasses aos municípios, que estão com atraso de 13 meses. Além disso, o secretário aponta que R$ 59 milhões é voltado para pagamento da folha de servidores e que despesas diversas, que se arrastam desde 2014, ultrapassam o montante de R$ 93 milhões.
“Nós vamos precisar rever todos os contratos. Se existir a possibilidade de redução dos contratos, certamente vamos precisar fazer. Se a gente precisar fazer novas licitações, faremos. O que considerarmos desperdício, vamos cortar inicialmente. Buscaremos uma otimização de pessoal com o intuito de deixar a organização mais enxuta”, conta.
Atendimento continua
A diretora regional do Instituo de Gestão e Humanização (IGH), Rita de Cássia Leal de Souza, informou que, por enquanto, não haverá suspensão nos atendimentos dos três hospitais que são geridos pela OS. As unidades chegaram a ser fechadas no último dia 27/12 e que uma nova paralisação nos atendimentos estaria marcada para acontecer nesta quinta-feira (3) devido a falta de insumos e medicamentos nos hospitais.
Rita confirmou que alguns materiais estão em baixa, mas garante que negociações estão sendo realizadas e que alguns fornecedores já estão desbloqueando os pedidos da OS. “Nós jamais iríamos manter um serviço funcionando que colocasse em risco os pacientes que estão sob tutela do estado e da nossa tutela. O serviço está mantido. A gente acredita que a Secretaria da Saúde e a Secretaria da Fazenda farão um repasse para que seja continuada a negociação com os outros fornecedores e prestadores”, assevera.
A diretora destaca que, com o IGH, o estado deve R$ 58 milhões referente as três unidades e que os atrasos são resultados de um acumulado de dois anos. Rita explica que a situação mais grave é do Materno Infantil, pois o mesmo está com três meses consecutivos sem receber verba estadual. Segundo ela, foi negociado um repasse inicial de um terço da dívida total – R$ 13,5 milhões – para que fosse acertado com fornecedores e prestadores que estão em situação mais “crítica”. “Esse valor corresponde as fatias de R$ 6 milhões ao Materno Infantil, R$ 5,5 milhões no Huapa e R$ 2 milhões na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes”, explica.
Para Ismael, a expectativa é que a Secretaria da Fazenda dê uma previsão até a segunda quinzena desse mês. O secretário alegou que se reunirá com os representantes de todas as OSs que estão administrando unidades de saúde no estado. Ismael chegou a afirmar que, inicialmente, não tem previsão de retirada do sistema de gestão, implantada pelo governo tucano, para que o estado volte a administrar os hospitais. Mas destacou que a parceria vigente com o estado “tem muitas oportunidades de melhorias“.
Credeq’s
Sobre os Centros Estaduais de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq’s), Ismael contou que da atual forma de funcionamento é inviável por causa do alto custeio anual. Segundo ele, a cifra chega a R$ 250 milhões somente com a unidade que está em funcionamento, em Aparecida de Goiânia. Ele explica que haverá um estudo mais aprofundado com as unidade que estão em construção para que seja feiro um escopo com o objetivo de aumentar as variações de tratamento, como a possibilidade de transformá-los em policlínicas.
João Paulo Alexandre
Do Mais Goiás