O dólar fechou em forte alta nesta segunda-feira (3), superando R$ 5,30, em início de semana marcado pelo foco no aumento de casos de coronavírus e nas negociações de um pacote de auxílio econômico nos Estados Unidos, enquanto os investidores aguardavam a decisão do Banco Central do Brasil eventual novo corte na taxa básica de juros do país.
A moeda norte-americana subiu 1,92%, vendida a R$ 5,3171. Na máxima, chegou a R$ 5,3363. Veja mais cotações.
Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1,15%, a R$ 5,2170. A moeda acumulou, porém, queda de 4,09% em julho.
No ano, o avanço é de 32,60%.
O Banco Central realizou nesta segunda-feira leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento em novembro de 2020 e março de 2021.
Cenário externo e local
Um impasse no Congresso norte-americano causado por divergências entre republicanos e democratas sobre o tamanho de um pacote de auxílio preocupava investidores de todo o mundo, uma vez que a economia dos Estados Unidos está longe de uma recuperação e segue ameaçada pela alta nos casos de coronavírus no país.
Além disso, em meio à deterioração das finanças públicas do país e à ausência de um plano crível de consolidação fiscal, a agência de classificação de risco Fitch reduziu na sexta-feira, após o fechamento dos mercados, a perspectiva para o rating dos Estados Unidos de “estável” para “negativa”.
“O mercado está olhando muito lá para fora”, disse à Reuters Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do banco Ourinvest. “Você tem uma expectativa em relação ao pacote de US$ 1 trilhão nos Estados Unidos, mas as negociações estão duras, está difícil de sair. Isso, junto com o aumento de casos de coronavírus”, levanta dúvidas sobre a saúde da economia, gerando apreensão e, consequentemente, aversão a risco, acrescentou.
Na China, dados da indústria mostraram expansão em julho, sinalizando uma continuidade da trajetória de recuperação da economia global.
No Brasil, os economistas do mercado financeiro reduziram novamente a estimativa para o tombo Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, revisando a projeção para uma retração de 5,66%. Essa foi a quinta semana seguida de melhora do indicador.
O mercado segue prevendo nova queda da taxa básica de juros da economia brasileira na próxima quarta-feira (5). Atualmente, a Selic está em 2,25% ao ano. A previsão dos analistas é de que a taxa recue para 2% nesta semana e que assim permaneça até o fim deste ano.
Já para o dólar, a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2020 continuou em R$ 5,20.
Muitos analistas citam o ambiente de juros baixos como um dos principais fatores para a disparada do dólar em 2020, uma vez que reduz rendimentos locais atrelados à Selic, prejudicando o investimento estrangeiro e, consequentemente, o fluxo cambial.