O presidente Michel Temer cancelou, mais uma vez, a viagem que faria à Ásia a partir da próxima semana. A ida estava prevista, originalmente, para janeiro deste ano, mas foi adiada por recomendação médica.
No mês anterior à viagem, o presidente havia passado por um procedimento de desobstrução na uretra, após um “quadro de dificuldade urinária e diagnóstico de estreitamento uretral”. A visita, então, com passagens por Singapura, Tailândia, Indonésia, e Vietnã, foi remarcada para maio deste ano.
A previsão era de embarque no dia 5 de maio e retorno ao Brasil no dia 14. A viagem tinha como foco principal a abertura do mercado desses países para exportações brasileiras.
Votações no Congresso
De acordo com interlocutores do presidente, a razão do novo cancelamento são as votações no Congresso previstas para os próximos dias.
Além disso, como o Brasil não tem vice-presidente no momento, as viagens de Temer ao exterior obrigam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ou o do Senado, Eunício Oliveira, que são os próximos na linha sucessória, a assumir a Presidência da República.
Neste mês de abril, quando Temer viajou ao Peru para participar da Cúpula das Américas, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira também optaram por deixar o país.
Uma das razões era o receio de serem enquadrados num artigo da Constituição que trata da inelegibilidade e acabarem prejudicados nas próximas eleições caso assumissem o lugar de Temer.
Por conta disso, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, assumiu a Presidência da República durante a viagem de Temer, Maia e Eunício.
Investigação
O novo cancelamento ocorre também após o jornal “Folha de S.Paulo” publicar reportagem que informa que uma das principais suspeitas dos investigadores da Polícia Federal é de que o presidente tenha “lavado” dinheiro de propina por meio do pagamento de reformas nas casas de familiares.
A suspeita é investigada dentro do inquérito da Polícia Federal que apura se Temer editou um decreto no ano passado para beneficiar empresas do setor portuário em troca de propina. Amigos do presidente chegaram a ser presos no fim de março, na Operação Skala, da PF, em razão dessa investigação. Temer nega que o objetivo da medida tenha sido favorecer empresas.