Esquema para furar fila no SUS vendia combo de cirurgias plásticas por R$ 5 mil, diz delegado

O esquema montado para furar fila no Sistema Único de Saúde (SUS) vendia combo de cirurgias plásticas por R$ 5 mil, conforme apurou o delegado Danilo Victor Nunes. O valor é pelo menos sete vezes menor do que o praticado por cirurgiões particulares, que cobram a partir de R$ 35 mil pelos procedimentos estéticos, segundo o investigador. Cinco suspeitos foram presos, entre eles, políticos.

g1 não conseguiu contato com as defesas dos suspeitos para se manifestarem sobre a investigação até a última atualização dessa reportagem.

O pacote incluía três cirurgias estéticas:

  • rinoplastia, indicada para a correção de imperfeições estéticas e para tratamento de desvios funcionais, ajudando os pacientes a respirar melhor;
  • mamoplastia, cirurgia para aumentar, reduzir ou remodelar as mamas;
  • E a abdominoplastia, procedimento para remover gordura e pele em excesso do abdômen, geralmente por causas estéticas.
  • Outros procedimentos mais simples custavam a partir de R$ 3 mil.

O delegado contou que apenas um dos presos inseriu 1.902 pessoas na fila de espera por cirurgia plástica na rede pública de Goiás, que pode ter levantado R$ 5 milhões. Na casa desse suspeito, a polícia apreendeu fichas de pacientes e máquinas de cobrança para cartões.

“Uma pessoa para fazer mamoplastia pelo SUS tem que ter justificativa médica, mas muitos pacientes tinham essa justificativa fraudada e faziam remodelagens dos seios e abdomem só por estética. Se quisesse fazer o ‘combo estético’, com a mamoplastia, a abdomiplastia e a rinoplastia, pagava R$ 5 mil, que no mercado custa R$ 35 mil”, esclareceu o delegado.

Contratos

O delegado Danilo Victor Nunes encontrou contratos nas casas de suspeitos que serviriam para criar um vínculo entre a pessoa que inseria o paciente no sistema regulador e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“A gente verificou que alguns municípios, seja por meio de prefeituras ou SMS, eles estavam formalizando contratos com intermediários para poderem trabalhar em marcação de consulta e cadastro de pacientes. Vamos analisar essa documentação se tem legalidade”, declarou.

A investigação descobriu que alguns suspeitos estavam acessando diretamente o sistema próprio da regulação.

“O que causa estranheza, porque é um sistema interno, que em tese só poderia ser acessado por pessoas que estivessem nos quadros das SMS. Analisamos alguns contratos e nenhum deles autoriza acessar o sistema de regulação. Queremos saber como passaram a ter acesso a esse sistema”, questiona o investigador.

Os investigados respondem por por corrupção passiva, inserção de dados falos em sistema de informação e associação criminosa.

Operação

A Polícia Civil fez operação em 5 de fevereiro deste ano para prender os suspeitos de integrar o grupo. Procedimentos que não eram considerados urgentes e que demorariam até dois anos, por exemplo, foram autorizados e feitos em poucos meses.

A polícia informou que as fraudes aconteciam pelo menos desde 2020. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, mais de 15 mil pessoas aguardam por uma cirurgia eletiva.

Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e afastamento de funções públicas nas cidades de Goiânia, Goianira, Anápolis, Damolândia, São Miguel do Araguaia e Teresina de Goiás.

Os servidores afastados são pessoas do Complexo Regulador Estadual ou exerciam funções públicas nas unidades de saúde dos municípios.

Fonte:G1

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