Ex-primeira-dama de Estrela do Norte é condenada por participar da morte do ex-prefeito do município

A ex-primeira-dama de Estrela do Norte, Elaine Cristina Vaz, foi condenada a 14 anos de prisão por participação na morte do ex-prefeito Geraldo Nicolau Filho, informou o Ministério Público de Goiás (MP-GO), autor da denúncia contra ela. A decisão do juiz Flávio Florentino de Oliveira foi anunciada nesta segunda-feira (26). A medida cabe recurso.

g1 não conseguiu localizar a defesa da condenada para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

O crime ocorreu em 2015 e gerou grande repercussão. Um vídeo registra quando o político é morto a tiros dentro de um motel em Mara Rosa, na região norte de Goiás, em outubro de 2015 (veja acima). À época, Elaine era casada com o então prefeito da cidade, Wellington José de Almeida, e contou para ele a traição da concunhada Anésia Xavier com o ex-prefeito Geraldo. Os dois eram desafetos políticos.

Assim, Elaine, o então prefeito Wellington e o cunhado dele, Waldivino José de Almeida, foram até o motel onde os dois estavam, na zona rural de Mara Rosa.

Anésia e Geraldo foram surpreendidos pelos homens quando saáam do estabelecimento. Já Elaine estava afastada para filmar o adultério.

Na sequência, Waldivino teria entrado em luta corporal com a vítima que, imobilizada, acabou sendo baleada à queima roupa por Wellington. Waldivino também atirou contra o ex-prefeito, que morreu ainda no local.

Ação penal

Elaine Cristina Vaz foi a segunda a ser condenada na ação penal movida à época pela promotora de Justiça Cristina Emília França Malta e que foi desmembrada, tendo também como réus Renata Pereira Rezende – também acusada de participar do crime, Wellington José de Almeida, que está foragido (ambos aguardam julgamento), e Waldivino José de Almeida, julgado e condenado em 2021 a 20 anos de prisão.

No julgamento de Elaine, apesar de a defesa requerer a absolvição da ré alegando falta de provas, o Ministério Público, representado pela promotora de Justiça Gisele de Sousa Campos Coelho, titular da promotoria de Mara Rosa, sustentou a acusação de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, consistente em vingança ao adultério praticado pela concunhada com a vítima, e por ter sido o crime praticado mediante recurso que impossibilitou a defesa de Geraldo.

Em vista das condições judiciais e qualificadoras reconhecidas, juiz Flávio Florentino de Oliveira dosou a pena-base da condenada em 14 anos e 6 meses de reclusão. Em razão da pena aplicada, a ré deverá, após o trânsito em julgado da sentença, iniciar o cumprimento da pena que lhe foi imposta no regime fechado. No entanto, foi dado a Elaine o direito de recorrer da sentença em liberdade.

g1 não conseguiu localizar a defesa de Renata e Wellington até a última atualização desta reportagem.

Morte

Geraldo foi morto no dia 1º de outubro de 2015. Ele estava em um motel acompanhado de Anésia Xavier Perez, que era mulher de um dos irmãos do réu. De acordo com a polícia, além de Waldivino, aparece no vídeo Wellington José de Almeida (PMDB), que era o atual prefeito da cidade e também cunhado de Anésia.

A denúncia destacou que, no dia 1° de outubro de 2015, Anésia combinou de se encontrar com Geraldo no período da tarde. Por volta das 13h, ele foi de carro para sua empresa, próxima ao trevo da cidade. Enquanto isso, Anésia, que morava na casa do cunhado e então prefeito, se arrumava para sair.

Esse fato foi percebido pelo filho adolescente do ex-prefeito, que presenciou a tia entrar no carro da vítima. O rapaz, então, informou a mãe, a então primeira-dama, do fato.

Ainda segundo os autos, o casal seguiu para um motel na zona rural de Mara Rosa. Enquanto isso, Elaine entrou em contato com a tesoureira e amiga Renata, combinando que Renata iria ao motel verificar se o veículo em que Anésia entrou estava no local.

Renata ocupou a garagem de um dos quartos e constatou que o carro descrito pelo adolescente estava lá. Após isso, deixou o motel e comunicou a notícia a Elaine. Na sequência, a primeira-dama e o prefeito foram para o local. Cerca de 20 minutos depois chegou Waldivino.

Posteriormente, os três se reuniram em um dos apartamentos, onde aguardavam a saída dos amantes. Geraldo, ao abrir o portão, avistou Waldivino e Wellington armados e também Elaine, que estava mais afastada, na tentativa de filmar o adultério.

Segundo o processo, Waldivino entrou em luta com a vítima, e Wellington deu os primeiros tiros à queima-roupa. Waldivino, ao soltar a vítima, começou também a efetuar vários disparos, deixando-a caída no chão.

Confirme a denúncia, Elaine acompanhou toda a cena de longe sem intervir. Já Anésia abriu a porta do quarto, sendo filmada pela cunhada. Elaine, Wellington e Waldivino seguiram para os carros e saíram do local.

Minutos depois, Anésia foi para a recepção, passou pelo corpo da vítima e seguiu para um posto abandonado próximo ao motel, onde seu irmão foi buscá-la.

Após o crime, Wellington renunciou ao cargo de prefeito. A Câmara dos Vereadores recebeu da irmã do político uma carta escrita por ele citando a decisão.

Fonte:G1

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