Nesta segunda-feira (06), o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, incumbiu o líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, de formar um novo governo, que será o primeiro liderado pela direita no país desde a Segunda Guerra Mundial.
A decisão segue a vitória do Partido da Liberdade nas eleições parlamentares de setembro de 2024, quando obteve 28,8% dos votos, superando o Partido Popular Austríaco, liderado pelo chanceler Karl Nehammer, que ficou em segundo lugar.
O anúncio ocorreu após a renúncia de Nehammer ao cargo de chanceler, marcada por uma crise política e fracasso nas negociações para a formação de um governo de coalizão entre os dois maiores partidos centristas, o Partido Popular e os Social-Democratas.
A tentativa de formar um governo sem a direita, que foi concluída no sábado, não obteve sucesso e resultou na saída de Nehammer do cargo, junto à sua liderança no Partido Popular.
O novo líder da legenda, Christian Stock, anunciou que o partido agora está disposto a negociar com a direita para formar uma coalizão.
Van der Bellen justificou sua decisão ao afirmar que, após as novas perspectivas de Stock e considerando a confiança em Kickl para conduzir as negociações, ele encarregou o líder da direita de iniciar as conversações. “Não tomei essa decisão levianamente. Continuarei garantindo que os princípios e as regras de nossa constituição sejam devidamente observados e respeitados”, afirmou o presidente em coletiva.
A crise política teve início em outubro de 2024, quando o presidente encarregou Nehammer de formar um governo após a vitória do Partido da Liberdade, que conquistou 29,2% dos votos. Contudo, o governo não obteve apoio para trabalhar com Kickl, líder do Partido da Liberdade, levando à falência das negociações entre os dois maiores partidos centristas. O cenário se agravou com a saída inesperada do partido liberal Neos das discussões, na sexta-feira (3).
A Áustria, uma república parlamentarista, tem o chanceler como chefe do Executivo e o presidente como representante do Estado. Nehammer anunciou sua saída do governo em um vídeo publicado no X, garantindo uma transição ordenada.
Em sua declaração, Nehammer justificou a renúncia, dizendo que, apesar das longas e honestas negociações, divergências irreconciliáveis com os Social-Democratas tornaram impossível um acordo sobre os principais pontos. “Não faz sentido para um futuro positivo para a Áustria”, declarou Nehammer, destacando que seu partido não aceitará medidas prejudiciais à economia ou novos impostos.
Por outro lado, o líder social-democrata Andreas Babler lamentou a decisão do Partido Popular, afirmando que o encerramento das negociações não foi benéfico para o país, especialmente devido ao “déficit recorde” deixado pelo governo anterior.
O próximo governo austríaco enfrentará desafios econômicos significativos, com uma necessidade de economizar entre 18 e 24 bilhões de euros, além de lidar com uma recessão prolongada e um déficit orçamentário que ultrapassa o limite da União Europeia.
Fonte: Gazeta Brazil