O pensionsita do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Leandro de Andrade Silva, de 34 anos, que sobreviveu após ser arremessado de uma caminhonete em um acidente de trânsito, disse que sente que sair bem do acidente foi uma conquista. “Me sinto vitorioso”, afirmou ao G1. Ele está internado no Centro de Reabilitação e Readaptação Doutor Henrique Santillo (Crer), em Goiânia, em estado regular e estável, mas foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), nesta quarta-feira (20), para ficar em observação.
Leandro, que tem paralisia cerebral leve, foiarremessado da caminhonete em que estava quando houve um capotamento, no último domingo (17). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o veículo seguia no sentido de Jataí para Caiapônia, na BR-158, no sudoeste goiano, quando o motorista perdeu o controle da direção. O condutor saiu com ferimentos leves. Leandro recebeu os primeiros atendimentos no Hospital Municipal de Jataí. Ele foi transferido para o Crer, em Goiânia, na segunda-feira (18).
Leandro contou que não se lembra do que aconteceu no momento em que foi arremessado. “Só lembro que tinha um carro na nossa frente. Ele ia dar pista e depois não deu mais. Depois disso, só lembro de estar com os bombeiros”, contou.
Apesar das fraturas, ele afirmou não estar sentindo dores. Ainda assim, o pensionista disse que não vê a hora de ir embora. “Ainda estou um pouco baqueado, mas com a minha mãe perto de mim fico mais forte. Depois desse acidente muita coisa vai mudar na minha vida, sou mais família agora”, disse.
O medico responsável pela internação e diretor clínico do Crer, Cristhiano Holanda Braga, afirmou que o paciente teve uma leve fratura no crânio na região da têmpora esquerda, que foi identificada ainda na terça-feira (19). O ferimento não comprometeu o cérebro, mas causou sonolência, falta de ar e vômito ao paciente.
“Foi identificado ligeiro trauma no crânio, mas ele está consciente, orientado e tem o sistema cognitivo preservado. No final da tarde de hoje, ele passou por uma nova tomografia para assegurar que não houve nenhum dano e não houve nenhuma piora no quadro dele. Ele está indo para a UTI por uma questão de segurança”, esclareceu.
Ainda conforme o médico, Leandro ainda passa pelas 72 horas de maior risco e vai ser monitorado pelas próximas 24 horas, já que pode sofrer convulsões, ter hipertenção, entre outras complicações. Ainda assim, o profissional comentou que, devido ao trauma que ele sofreu, as consequências poderiam ser piores. “Pelo trauma que ele sofreu, pode se esperar hemorragia interna, mais fraturas e até óbito”, relatou.
Recuperação
Conforme o médico, se Leandro continuar estável, ele deve passar por uma operação para corrigir a fratura no fêmur, no próximo sábado (23) pela manhã. “Foi um trauma grave. O paciente foi arremetido a dez metros de altura, então teve um impacto severo que levou a fratura do fêmur esquerdo e segundo e terceiro dedos do pé direito. O fêmur dele foi fragmentado em múltiplos pedaços e ele deve passar por uma cirurgia para colocar uma haste metálica”, afirmou.
Ainda não foi avaliado se a fratura em um dos dedos do pé direito requer também um implante. Para a fratura do segundo dedo será necessário apenas imobilização. A fratura no crânio não requer operação.
A técnica em enfermagem Irene Gonçalves, mãe de Leandro, acredita que foi um milagre o filho ter sobrevivido. “Não era a hora dele e ele estava protegido por Deus, só isso explica”, disse emocionada.
Mesmo com o filho se recuperando, ela disse que teme que o acidente possa deixar sequelas. “Não deixo de estar preocupada, até mesmo pelas limitações que ele já tem. A gente teme que a mobilidade dele fique ainda mais complicada”, afirmou Irene.
Investigação
De acordo com a PRF, o condutor havia consumido bebida alcoólica. O teste do bafômetro apontou 0,21 miligramas de álcool por litro de ar expelido, mas essa quantidade não configura crime de trânsito por embriaguez. Por isso, ele não foi detido.“Esses valores comprovam que a pessoa estava embriagada, mas ainda não foi o bastante para configurar crime”, explicou o inspetor Jackson Silva.
Segundo o inspetor, a suspeita é de que o acidente tenha sido causado por excesso de velocidade. “O trecho da rodovia em que o condutor seguia está em boas condições, ao contrário do restante da BR-158. Mas entre as possibilidades que podem ter motivado o acidente estão o excesso de velocidade e a ingestão de bebida alcoólica”, disse.
Ainda de acordo com Silva, as investigações ainda estão em andamento, mas tudo indica que o passageiro que foi arremessado não estava usando o cinto de segurança. “Isso é o mais provável em função da facilidade com que ele foi jogado para fora do veículo”, destacou.
O motorista poderá pagar uma multa no valor de R$ 1.900 e também poderá ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por um ano.
Fonte: G1