A equipe médica que cuida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, explicou nesta terça-feira (10/12) que o hematoma na cabeça do petista é algo “comum” em idosos que sofrem queda. Segundo eles, os sintomas, como a dor de cabeça sentida pelo presidente ocorrem pela pressão da hemorragia no cérebro. Lula completou 79 anos em outubro.
Ainda segundo o corpo médico, a situação está ligada diretamente com a queda sofrida pelo chefe do Executivo em 9 de outubro, no banheiro do Palácio do Alvorada. Na ocasião, ele escorregou de um banquinho, enquanto cortava as unhas, bateu a cabeça e precisou levar cinco pontos.
“Ele teve a queda, a queda fez uma concussão cerebral dos dois lados. Depois, a concussão absorveu, mas, enquanto as fibras em volta não colam, ainda pode ter sangramento e pode ser tardio, meses depois. O hematoma fica entre duas folhas da meninge, e quando absorve líquido, ele expande e os vasos (sanguíneos) estiram. Acontece de sangrar um pouco e melhorar e pode ter um sangramento mais abrupto, que o cérebro não se adapta e começam os sintomas”, explicou o doutor Rogério Tuma, neurologista que realizou a cirurgia.
De acordo com Tuma, a drenagem feita no hematoma foi para evitar que o líquido comprimisse o cérebro e causasse mais sintomas.
“O que chama atenção é que, às vezes, as pessoas caem, batem a cabeça, esquecem desse evento e depois de algumas semanas ou meses, mudam o comportamento, ficam fracas de um lado… e o que está acontecendo é que o sangramento está comprimindo o cérebro. Fizemos esse procedimento para que o hematoma não comprima o cérebro, então, ele fica sem sequelas. O cérebro esta livre de qualquer compressão, o hematoma foi drenado totalmente”, explicou.
A complicação, segundo o neurologista, é comum em idosos.
“É um tipo de complicação comum, principalmente, em pessoas de maior idade. Como o caso do presidente foi acompanhado, conseguimos ver a evolução do hematoma, sendo diminuído, e, depois, quando ele começou a ter a queixa de dor de cabeça ontem, ele repetiu os exames de tomografia (e ressonância). A gente conseguiu comparar com o exame anterior e percebeu que o hematoma aumentou”, detalhou o neurologista.
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Apesar da batida ter sido na parte de trás da cabeça, o hematoma drenado está na parte da frente, na região “fronto parental”, em cima do “nodo frontal”. Isso ocorre como uma resposta ao deslocamento do cérebro no impacto da batida.
Médico particular de Lula, o doutor Roberto Kalil Filho descarta qualquer possibilidade de sequelas pela cirurgia.
“Não vai ter sequela alguma, nem alteração de movimento, nada. Ele está estável, conversando normalmente”, explicou. Ainda de acordo com o médico, o presidente não teve nenhuma “lesão cerebral” e, por isso, não corre riscos maiores.
Correio Braziliense