O convite de uma escola de Goiânia para as mães dos alunos participarem de uma sessão de fotos com os filhos pediu que elas comparecessem maquiadas e com os cabelos escovados. A mensagem gerou indignação em mulheres da família de um aluno, que têm cabelo crespo. Após o bilhete ser compartilhado nas redes sociais, vários internautas também expressaram revolta e questionaram o padrão de beleza proposto pelo colégio.
À TV Anhanguera o Colégio Boas Novas pediu desculpas publicamente a qualquer mãe que tenha se sentido constrangida pelo conteúdo do bilhete. A escola informou ainda que não recebeu nenhuma reclamação direta sobre o conteúdo da mensagem e que a sugestão era que as mães que quisessem participar do evento fossem produzidas.
A mãe de uma das crianças, que, assim como o filho, tem cabelo crespo, contou que precisou falar com ele sobre o assunto e mostrar que não é necessário se encaixar em um suposto padrão para se sentir bem e bonito.
“Expliquei para ele o que é um cabelo escovado, liso. Eu não gosto de fazer isso com meu cabelo, me acho bonita dessa forma, o cabelo dele também é assim e também é bonito. Expliquei que as pessoas têm que respeitar as diferenças e a gente tem que se impor”, disse.
A mãe disse que o convite a incomodou e, apesar de ter sido muito respeitada e bem recebida no colégio sem estar com os cabelos escovados, acredita que é importante discutir sobre a cultura que leva a mensagens como essa. Ela disse ainda que ouviu de outras mães que ficaram incomodadas com o pedido para usar maquiagem, que se sentiam bem sem e prefeririam não se maquiar.
“Me senti desrespeitada quando recebi esse pedido de me encaixar em um padrão, um formato de mãe […]. É importante rever as palavras que naturalizam o que nunca foi natural. É pertinente falar. Se a gente vai deixando passar essa reflexão não acontece”, comentou.
A tia do estudante também ficou surpresa com o convite e quis saber se era a única que tinha se indignado com a mensagem.
“Podiam ter pulado essa parte. Tem mulheres que não alisam o cabelo ou não usam maquiagem e se sentem lindas. […] Como a gente não tem muitos exemplos [de pessoas assumindo os cabelos crespos e se sentindo bem com eles], a gente se sente fora e tem esse trabalho de se descontruir e mostrar para as pessoas que temos esse lugar”, contou.
Para ela, o principal choque foi ver que, mesmo com todo o trabalho que é feito atualmente para que mais pessoas se vejam e se aceitem belas sem precisar mudar, em um espaço próprio para a educação isso não estava sendo feito.
“Na escola a gente imagina que vai ser construída uma nova cultura, mas ver que vem se repetindo o que a gente tenta tanto mudar, me assusta”, completou.
Fonte:G1