O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) encomendou um estudo inédito com 18 mil agricultores brasileiros. Os resultados mostram que o mercado de defensivos agrícolas, em dólar de produto aplicado, crescerá 5,8%, ou seja, uma movimentação próxima a US$ 13,7 bilhões, quase US$ 1 bilhão a mais do que em 2018.
Já o custo médio por produto aplicado diminuirá 2%. Em relação à área tratada, projetou-se um aumento de 8%, somando 1,6 bilhão de hectares, o que se deve ao crescimento de 2% de áreas cultivadas e uso de tecnologias para controle das principais pragas no campo.
Os produtos que devem alcançar maior movimentação são os fungicidas (31%), seguidos dos inseticidas ( alta de 29% das vendas), herbicidas (27%) e pelos insumos para tratamento de sementes, entre outros produtos, com 12% do total. A soja é a que mais demanda, respondendo por 49% de participação no total, seguida de milho, cana-de-açúcar e algodão. “O uso de defensivos agrícolas é um item importante da cadeia que combate as pragas para colocar alimentos saudáveis e abundantes na mesa de milhões de brasileiros e em mais de 150 países”, destaca Julio Borges Garcia, presidente do Sindiveg.
E a sustentabilidade?
Nos últimos anos a rastreabilidade transformou a cadeia alimentar. Cada vez mais os consumidores querem saber como o produto foi produzido, com que insumos, se houve bem estar no caso de animais, se as doses de defensivos não vão agredir a saúde e o caminho percorrido. Parece difícil diminuir o uso de defensivos para atender essas exigências mesmo diante do avanço de pragas e doenças na agricultura? Com tecnologia de aplicação e com treinamento de aplicadores o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), ligado à Secretaria da Agricultura do estado de São Paulo, garante que é possível produzir sem agredir o meio ambiente, combater os problemas da lavoura e preservar a saúde de trabalhadores.
O pesquisador Hamilton Ramos explica que erros na aplicação podem começar já nos adjuvantes. Os produtos podem alterar a qualidade da pulverização, como tamanho de gota e espalhamento, e interferir na produtividade. Como os adjuvantes não têm classificação oficial, um programa busca fazer essa classificação quanto à função e melhorar o potencial de desempenho. “O produtor deve entender que aumentar a quantidade de adjuvante pode ser prejuízo. A velocidade de evaporação, por exemplo, em clima muito quente é recomendado usar um redutor de evaporação que evita que a gota seja perdida antes de atingir a planta”, explica Ramos.
Aplicação segura
Com tecnologia e pesquisa algumas atividades no campo podem ser melhoradas, de forma a oferecer segurança a todos elos da cadeia. Dentro do IAC, polo de Jundiaí, em um laboratório equipamentos simulam deriva, adesividade do adjuvante na planta e efeito quelatizante da água (elementos que podem interferir na eficácia da aplicação). Outro laboratório também testa a eficácia dos equipamentos de proteção individual (EPIs), através do Programa Quépia. Testes avaliam a qualidade do material e se oferecem proteção e conforto térmico ao aplicador. O selo está em fase de acreditação, pocesso que assegura que os resultados são seguros.
As pesquisas voltadas ao Programa Aplique Bem já treinaram 70 mil aplicadores em 23 estados brasileiros. São mais de 1 milhão de quilômetros rodados, distância maior que 2,5 idas à lua. O treinamento envolve técnicas de aplicação, protocolos de segurança e manutenção em pulverizadores. As atividades são oferecidas de forma gratuita. O programa já foi copiado por países como México, Colômbia e Vietnã.
Acompanhamos na prática como é realizado o trabalho, com simulação de aplicação que mostra os riscos e desperdício de defensivo e como se dão as análises em laboratório. Confira: