A modelo Marcella Ellen Martins, de 31 anos, que confessou matar o noivo em um motel, mantém contato com o mundo externo à cadeia somente por meio de seu advogado de defesa, Jhonny Cleick Rocha. Em uma conversa que os dois tiveram na quarta-feira (16), o advogado disse que a modelo chorou muito ao perguntar se o ex-noivo, Jordan Lombardi, de 39 anos, já foi enterrado.
“Ela me perguntou se ele tinha sido enterrado e chorou demais quando contei que sim. Ela pergunta se tenho notícias da parte dele, porque há amor da parte dela independente da forma trágica como o relacionamento acabou”, comentou o advogado.
A defesa de Marcella sustenta a tese de legítima defesa no curso do processo judicial. “Houve uma briga acalorada e agressões físicas entre o casal. Ela usou então um revólver para se proteger”, ressaltou o advogado.
O crime aconteceu em um motel do Distrito Federal e ela fugiu em seguida para Cocalzinho de Goiás, onde foi presa pela Polícia Militar, em 10 de novembro. O delegado Rafhael Barboza comentou que existe a possibilidade de a investigação concluir que houve legítima ao final do inquérito.
Cleick contou também que a modelo disse estar arrependida e relatou com todos os mínimos detalhes como matou o noivo. Ela disse à Justiça que foi agredida com tapas no rosto durante uma briga com a vítima.
“Eu refiz com ela toda a dinâmica dos acontecimentos e foi muito esclarecedor. A defesa não tem dúvida que ela agiu em legítima defesa”, afirmou o advogado.
Marcella teria sido diagnosticada com um tumor na cabeça há alguns meses, segundo o advogado, e ainda não iniciou tratamento. “Estou aguardando o laudo do tumor para embasar o pedido de liberdade provisória”, destacou.
Crime em motel
O crime aconteceu na quarta-feira (9), em um motel do Distrito Federal (DF). Após os disparos, a modelo pegou o carro do noivo, um Audi Q7, e fugiu para Goiás. No caminho, o veículo foi bloqueado pelo rastreador e Marcella roubou uma kombi escolar para continuar fugindo.
Em Cocalzinho de Goiás, há cerca de 1 hora do motel onde aconteceu o crime, ela parou em um posto de gasolina e decidiu se entregar à policiais militares. Marcella estava seminua e armada com um revólver.
No motel onde estavam hospedados, Marcella e o noivo discutiram sobre uma denúncia feita pela filha dele, um conflito que se arrastava há meses entre o casal. O advogado contou que ela estava com a enteada, de apenas 3 anos, e o noivo na casa onde moravam, em São Paulo, quando a menina disse que foi estuprada por uma pessoa próxima ao empresário.
Como Marcella disse que tem histórico de abuso sexual na infância, ela se indignou com a situação e passou a cobrar que o noivo denunciasse o caso à Polícia Civil. Jordan Lombardi, no entanto, não quis.
“Ela se viu no relato da enteada. A indignação com o caso foi tão grande que ela começou a cobrar constantemente uma atitude dele. E queria, principalmente, que ele denunciasse na Polícia Civil. A discussão foi ficando vez mais intensa e frequente”, contou o advogado de Marcella.
Casamento marcado
Marcella e Jordan estavam de casamento civil marcado para o dia seguinte ao crime, na quinta-feira (10). O empresário chegou a alugar uma casa luxuosa no DF para a celebração. O casamento religioso seria realizado em 14 de janeiro de 2023.
A modelo nasceu e cresceu em Brasília (DF), mas decidiu se mudar para São Paulo há cerca de 3 anos para tentar a vida como modelo, depois de sair de um divórcio conturbado do último relacionamento. Na capital paulista, ela conheceu o empresário.
O advogado disse que o casal se dava bem e estava apaixonado. Eles não tinham histórico de violência doméstica.
De onde veio a arma
O advogado da modelo contou que a arma foi comprada de forma clandestina em São Paulo. Diante da denúncia da filha e a cobrança da noiva, Jordan Lombardi decidiu resolver o problema sozinho, já que não queria fazer denúncia à polícia.
“Provavelmente ele queria matar o abusador da filha, mas acabou não fazendo isso. A Marcella contou que ele foi até a casa da pessoa e fez ameaças, atirou para o alto, mas foi embora”, explicou o advogado.
Essa confusão aconteceu antes de o casal pegar o carro e viajar para Brasília, onde ia acontecer o casamento. No dia, inclusive, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) em desfavor de Jordan por disparo em via pública, de acordo com o advogado.
Fonte:G1