“Nenhum filho meu manda no governo”, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) lamentou o episódio do vazamento de áudios de suas conversas com o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno, demitido neste mês, e afirmou que seus filhos não mandam no governo. As declarações foram dadas hoje em café da manhã com um grupo de 11 jornalistas no Palácio do Planalto em que o UOL esteve presente.

“Nenhum filho meu manda no governo, não existe isso”, disse o presidente.

Bolsonaro afirmou que declarações públicas de seu filho Carlos Bolsonaro que possam ter relação com o governo agora passam por sua aprovação. “Tudo passou a ter um filtro da minha parte”, disse.

“Lamento o ocorrido, mas não poderia ter tomado outra decisão”, afirmou Bolsonaro ao ser questionado sobre como se sentia em relação a Bebianno. O presidente comparou o fim da relação com Bebianno ao fim de um casamento.”

“É quase um casamento que infelizmente prematuramente se desfez”

Jair Bolsonaro sobre a demissão de Gustavo Bebbiano

Carlos, que é vereador no Rio de Janeiro pelo PSL, divulgou em seu perfil no Twitter gravação de seu pai dizendo que não havia conversado com Bebianno. O episódio, que culminou na demissão de Bebianno, deflagrou uma crise no governo após revelação pelo jornal “Folha de S.Paulo” de supostas candidaturas laranjas do PSL. O ex-ministro, que nega irregularidades, era o responsável pela liberação de verbas de campanha do partido durante a campanha.

Bolsonaro também disse que não há mal-estar com a ala militar. Uma das possibilidades levantadas durante a crise era a de que os militares aliados de Bolsonaro teriam desaprovado a suposta influência de Carlos no governo. “Não há nenhum problema com os militares.”

HINO NACIONAL X INTERNACIONAL SOCIALISTA

O presidente também disse que chamou o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para uma conversa após ele pedir às escolas que mandassem vídeos de alunos cantando o Hino Nacional e repetindo o slogan da campanha presidencial.

“Eu disse a ele [Vélez Rodríguez]: peça desculpas e desfaça”

Bolsonaro defendeu, porém, a importância de que alunos cantem o hino nas escolas e disse que isso é praticado em muitas nações. Afirmou que o processo deve ocorrer sem doutrinação e fiscalização.

Ele disse que Vélez poderia ter sugerido, por exemplo, que as escolas estimulassem mais a participação dos pais dos alunos no ambiente escolar.

Bolsonaro disse também que o ministro da Educação está investigando denúncia de que escolas ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) estariam impondo a crianças cantar um hino da entidade e também a Internacional Socialista, mas não deu mais detalhes sobre o caso.

APROXIMAÇÃO COM A IMPRENSA

O café da manhã com jornalistas de 13 veículos foi um gesto de aproximação com a imprensa solicitado por Bolsonaro, segundo seus assessores. Durante a conversa, o presidente ressaltou a importância da imprensa para o processo democrático.

Também disse que já deu “caneladas” e que a imprensa já cometeu erros, mas afirmou que tudo faz parte de um processo de amadurecimento necessário para o bem do país.

Durante a campanha, Bolsonaro acusou veículos de imprensa de publicarem fake news. Mais recentemente, em áudio vazado de conversa com Bebianno, o presidente se irrita ao saber que o então ministro marcou uma reunião com um representante da TV Globo, tida como “inimiga” do governo.

No “Jornal Nacional”, o apresentador Willian Bonner afirmou que o encontro constava na agenda pública de Bebianno.

“As visitas dos diretores do Grupo Globo a autoridades de diferentes poderes, servidores públicos, executivos de empresas e representantes da sociedade civil são rotineiras. E, nesse aspecto, o Grupo Globo não se diferencia de outros grupos empresariais que pretendam ouvir todas as vozes de uma sociedade livre, de forma transparente e com uma agenda pública, mantendo relações republicanas”, diz a nota da TV Globo lida ao vivo pelo âncora do telejornal.

Bolsonaro reforçou que seu governo não aceitará práticas da velha política de “toma lá dá cá” e não negociará ministérios.

Fonte: UOL Notícias

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