Após cerca de 11 horas de júri, foi condenado o padrasto acusado de espancar o enteado, Davi Lucas Alves de 1 ano e 8 meses, até a morte em Rio Verde, no sudoeste goiano. Wisley Serafim dos Santos teve condenação de 29 anos e 8 meses de prisão em regime fechado. A defesa informou que vai recorrer.
O bebê morreu no dia 31 de agosto de 2020 e o júri aconteceu na última quinta-feira (5). Na época, de acordo a polícia, Wisley acionou o socorro para tentar simular uma morte acidental. Porém, os médicos desconfiaram da situação do bebê.
Wisley foi condenado por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, meio cruel de forma que dificultou a defesa da vítima. Além disso, teve aumento de pena por fraude processual penal e tortura.
No julgamento, a defesa do acusado argumentou que não houve homicídio e pede que Wisley responda por lesão corporal seguida de morte.
“O conselho de sentença entendeu que o caso era de homicídio. Em relação a tipificação está decidido, e a defesa não questionará a decisão dos jurados, apenas recorrerá da decisão do juiz, no que toca a quantidade de pena”, disse o advogado Felipe Mendes Vilela.
De acordo com o advogado, o argumento é embasado no depoimento das testemunhas e do réu, que confessou que praticou a conduta, mas não o homicídio.
“Na concepção dele, ele estaria educando a criança de forma exagerada”, finalizou o advogado.
A avó materna do bebê, Marta Gomes, foi uma das testemunhas do júri e pediu justiça pelo neto.
“Eu espero que ele [o acusado] fique na cadeia. É na cadeia que ele tem que ficar”, desabafou a mulher.
A mãe do bebê é ré pelo crime de omissão de tortura, mas responde em liberdade, sendo monitorada por tornozeleira eletrônica.
Crime
Segundo a denúncia, o padrasto do bebê confessou ter agredido o enteado com chineladas e as mãos. Em uma gravação, o jovem chegou a dizer que deu um banho no garoto para tentar reanimá-lo.
A denúncia também explicou que o padrasto deu uma faxina em casa para tentar se livrar de possíveis evidências e chamou o socorro na tentativa de simular uma morte acidental. Consta nos registros policiais que o homem apresentou algumas versões controversas, mas depois confessou o crime, dando detalhes das agressões com as mãos e com chinelos.
Agressões
Marta Gomes, avó da vítima, disse que as agressões eram recorrentes. Ela informou que pediu o Conselho Tutelar por três vezes para visitar a família.
Em depoimento no júri, uma conselheira tutelar informou que em duas visitas na casa nenhuma irregularidade foi encontrada.
As investigações da Polícia Civil, chefiadas à época pelo delegado Danilo Fabiano Carvalho, apontaram que o bebê já havia sido agredido outras vezes pelo padrasto.
Segundo as apurações, a mãe tinha conhecimento dessas atitudes violentas do companheiro para com o filho, mas não agiu no sentido de separá-los – por isso ela também foi denunciada.
Durante as apurações policiais, uma vizinha relatou já ter ouvido o neném ser agredido.
Fonte:G1