Os policiais militares Bruno Rafael da Silva e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior, acusados pelo Ministério Público de matar o jovem Chris Wallace da Silva, que tinha câncer, em decorrência de abordagem, passam a responder na Justiça por lesão corporal seguida de morte, e não mais por homicídio.
Assim, deixando de responder por homicídio simples, que tem pena de 6 a 20 anos de prisão, os militares podem ser condenados a pena mais branda, de 4 a 12 anos.
A decisão é do juiz Eduardo Pio Mascarenhas, publicada na última sexta-feira (19). O magistrado entendeu que os militares não tiveram a intenção de matar Chris Wallace.
“Chama atenção o fato de a vítima Chris Wallace da Silva e Marcos José Martins Vidal terem deixado a abordagem policial andando, não havendo indicação de comprometimento neurológico da vítima nesse momento. Com efeito, entendo que, se houve intenção homicida, os réus desistiram de prosseguir nesse intento, tanto que teriam oportunidade de prosseguir na execução de eventual homicídio, contudo não o fizeram”, escreveu o magistrado.
Não foi localizada a defesa dos policiais militares até a última atualização desta reportagem. Eles trocaram de advogado durante o processo.
A defesa da família do jovem informou que vai recorrer da decisão no Tribunal de Justiça.
Chris Wallace foi abordado e espancado com socos, chutes e pancadas de cassetete pelos policiais, em 10 de novembro do ano passado. O relatório médico atestou que ele teve traumatismo na cabeça por espancamento, contusões no abdômen e nos pulmões.
Os PMs ficaram presos em presídio militar por cinco meses, entre 10 de dezembro de 2021 e 11 de maio deste ano. O Ministério Público pediu a prisão preventiva no momento que fez a denúncia por homicídio, para que eles não ameaçassem testemunhas do processo, que optaram por falar em sigilo.
Abordagem
Chris Wallace da Silva tinha saído de casa para ir a uma distribuidora de bebidas comprar refrigerante, no Residencial Fidélis. Na rua de casa, ele foi abordado e agredido pelos PMs, segundo a investigação.
Por causa da gravidade dos ferimentos, o jovem precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu seis dias depois.
A família disse que ele lutava contra um câncer nos ossos, chamado mieloma múltiplo, há cerca de 10 anos. O boletim de ocorrência conta que o rapaz teria dito aos PMs que tinha câncer e pediu para não ser agredido por causa da saúde fragilizada. Contudo, conforme o inquérito, a agressão continuou.
A mãe contou ainda que o filho chegou em casa e correu para o banheiro, onde teve crises convulsivas e vomitou sangue. Uma ambulância foi chamada pela família e levou o rapaz ao hospital.
Fonte:G1