Quem é Victor Cezar Priori, empresário acusado de coagir funcionários a participar de bloqueios ilegais em Jataí

O agropecuarista Victor Cezar Priori, de 68 anos, acusado de coagir funcionários a participar de bloqueios ilegais em rodovias do sudoeste de Goiás, já foi filmado participando de fechamento de rodovias. De acordo com a Justiça do Trabalho (TRT), o empresário esteve no bloqueio da BR-364, em Jataí, em 2 de novembro, incentivando as manifestações.

“Minhas empresas estão todas fechadas, de todas as fazendas têm gente nas rodovias, os caminhões e tudo estão colaborando”, disse o empresário.

A Justiça do Trabalho proibiu quatro empresas dele de obrigar funcionários a participar de manifestações políticas (leia abaixo) e aponta indícios de que o empresário é uma das lideranças nacionais que dirige e financia o movimento que pede “intervenção federal”.

Priori foi candidato a prefeito de Jataí em duas eleições: 2012 e 2016, e nunca foi eleito. Na última eleição disputada, ele declarou patrimônio pessoal de R$ 51 milhões. Há defasagem de 6 anos entre a última declaração oficial ao TSE. Por isso, o valor pode ser maior ou menor até este ano.

O agropecuarista é sócio do grupo Paraíso, uma holding que tem várias empresas sob administração, com sede em Jataí. As companhias são majoritariamente ligadas ao agronegócio, divididas entre plantação de soja e milho, pecuária e leite e concessionárias de tratores (leia mais abaixo sobre as empresas).

O empresário já recebeu R$ 3,1 milhões do governo federal por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), uma autarquia do Ministério da Agricultura.

Os repasses foram feitos dentro da Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), em 2018 e 2019. O site da transparência da União mostra 76 documentos de empenho, que totalizam o valor recebido.

Esse repasse é um auxílio que o governo paga quando algum dos produtos contemplados na PGPM-Bio é vendido no mercado por um valor inferior ao preço mínimo estipulado pelo governo federal. A Conab, então, paga a diferença para o extrativista.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, funcionários das empresas dele denunciaram que estavam sendo coagidos a participar de manifestações. Por isso, o juiz Whatmann Barbosa Iglesias proibiu que o empresário obrigue os colabores a participar de protestos políticos.

O MPT já tinha notificado o empresário antes do segundo turno, mas as pressões contra os empregados continuaram e foi preciso entrar com a ação judicial.

A Justiça, então, proibiu as empresas e o empresário de promover “desconto salarial ou supressão de gratificação, bônus, prêmios ou qualquer benefício em razão de dias de paralisação da atividade por determinação da empresa”.

As empresas também não podem “ameaçar, constranger ou determinar às pessoas que possuem relação de trabalho com sua organização […]a participar de bloqueios ou atos possam atentar contra a ordem democrática, bem como de atos de natureza política em geral”.

Em caso de descumprimento, o empresário deverá pagar uma multa diária de R$ 100 mil por infração, além de R$ 10 mil por trabalhador afetado.

g1 entrou em contato com o departamento jurídico do empresário nesta quarta-feira (16), às 10h30, por ligação e envio de mensagens, mas não obteve resposta até a última publicação desta reportagem.

Empresas

A decisão do TRT atinge quatro empresas de Victor Priori:

  • Armazéns Gerais Paraíso (depósitos e silos);
  • Paraíso Biocombustível (fabricação de biocombustível, exceto álcool);
  • Agropecuária Boa Vista do Rio Claro (cultivo de soja e criação de gado);
  • Priori Empreendimentos e Participações (holdings de instituições não-financeiras);
  • E o próprio empresário.

Segundo o site oficial da empresa, o grupo Paraíso é ligado ao setor agrícola com mais de 30 anos de experiência em propriedades rurais de produção de grãos. Priori também tem quatro concessionárias de venda de tratores em Jataí, Mineiros, Alto Taquari e Caiapônia.

O empresário nasceu no Rio Grande do Sul e mora em Goiás. Na carreira política, ele já foi candidato a deputado estadual em duas eleições: 2010 (17.962 votos) e 2014 (25.470 votos).

Nas duas vezes ele ficou como suplente, mas assumiu o mandato no Legislativo pela primeira vez em setembro de 2014, com a renúncia do suplente Padre Ferreira. A vaga surgiu com a indicação do deputado Helder Valin ao Tribunal de Contas do Estado.

Na eleição de 2014, foi empossado novamente em abril de 2015, na vaga do suplente Daniel Messac, que se licenciou para tratamento médico.

Fonte:G1

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