Funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia paralisaram o atendimento para consultas, exames e cirurgias nesta terça-feira (19). O movimento faz parte de um ato nacional que cobra mais investimentos para remediar a crise financeira. Apenas casos de emergência serão atendidos. A previsão é que todos os serviços voltem ao normal na quarta-feira (20).
A dona de casa Heloísa Maria Gomes viajou de Araçu a Goiânia para trazer uma parente para uma consulta após colocar um marca-passo. Porém, teve que voltar sem o atendimento. “Não tem como, tem que voltar depois de novo. Eu achei errado, porque não sei como vou fazer com ela”, disse.
Em um comunicado, a Santa Casa disse que 800 atendimentos, entre consultas e exames já marcados, deixarão de ser feitos na unidade e serão remarcados. Muitos pacientes disseram que foram pegos de surpresa.
“Eu não sei como vou fazer, porque fiz cirurgia, ontem fez um mês e hoje era o retorno”, disse o autônomo José Viríssimo Gomes.
A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia informou que é responsável por mais de 70% do atendimento do Sistema Único de Saúde na capital. A unidade disse ainda que recebe do SUS apenas R$ 10 por consulta médica. A dívida do hospital com fornecedores é de R$ 50 milhões.
O g1 entrou em contato por e-mail com o Ministério da Saúde, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.
“Nós estamos pedindo socorro para deixar nós continuarmos trabalhar. A Santa Casa é o único hospital que o paciente SUS fica 60 dias, 90 dias tratando todas suas patologias”, disse a superintendente-geral da Santa Casa de Misericórdia, Irani Ribeiro de Moura.
Ela afirmou ainda que as equipes trabalharam intensamente para atender nos outros dias as pessoas que tiveram as consultas e exames canceladas devido à paralisação.
Atendimentos
Por mês, a Santa Casa de Misericórdia realiza cerca de 40 mil consultas, 30 mil exames, 10 mil internações e 400 cirurgias. Para manter esse volume de atendimentos, recebe do estado e município R$ 3,5 milhões.
A direção da unidade disse que precisaria do dobro desse valor para manter e ampliar o atendimento com qualidade.
“O que a gente sente dificuldade é falta de recursos para fazer novos investimentos, melhorias nas condições de trabalho”, disse Cláudio Tavares, superintendente técnico do hospital.
Fonte:G1