Sistema de proteção inadequado foi uma das causas de vazamento de amônia que matou dois funcionários da BRF em Rio Verde, conclui laudo

Um laudo da Polícia Científica mostra que uma das causas do vazamento de amônia que matou dois funcionários da BRF, em Rio Verde , no sudoeste de Goiás, seria o sistema de proteção inadequado em máquinas, equipamentos ou ferramentas da empresa. O acidente aconteceu em setembro do ano passado, deixando um funcionário morto. Outro trabalhador, que ficou internado, morreu dois meses depois.

De acordo com o documento emitido pela polícia, o acidente teria sido “multicausal”, ocorrido a partir de diversos fatores. Além disso, a polícia afirma que a empresa teria deixado de implementar corretamente medidas de controle que poderiam ter evitado o acidente.

g1 entrou em contato com a BRF para um posicionamento sobre o laudo por email na manhã desta terça-feira (23), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Condições inadequadas das bombas

Segundo a polícia, a causa primária do acidente foi o rompimento de uma das dez bombas centrífugas do regime de resfriamento -3°C. De acordo com o documento, quando esses equipamentos funcionam sem que a amônia esteja nas condições adequadas de pressão e vazão, que é o fluído principal para funcionamento, acontece uma série de complicações.

De acordo com a auditoria, durante o rompimento, o corpo da bomba estava unido com apenas nove dos 10 parafusos necessários, uma vez que um já estava quebrado, sendo inclusive pintado por cima da quebra por cisalhamento. O tamanho desses nove parafusos, de 40 milimetros, também chamou atenção dos policiais. De acordo com a perícia, eles eram incapazes de rosquear completamente e fazer uma conexão segura, sólida e confiável do corpo da bomba.

Inexistência de alarme de vazamento

Segundo o laudo, o sistema de detecção precoce de vazamento de amônia deveria ser projetado de modo que o vazamento de amônia fosse detectado antes que ocorresse risco de intoxicação de trabalhadores, diferente de como ocorria. Segundo a polícia científica, todos entrevistados foram unânimes em apontar a inexistência de alarme sonoro e disseram ter tido “sorte em escapar”.

Falta de gerenciamento

A polícia ainda apontou que a falta de gerenciamento dos fatores de risco contribuiu para que o acidente acontecesse. isso, porque a empresa não teria colocado em prática “uma abordagem planejada estruturada e global de prevenção, por meio de gerenciamento de fatores de risco”, para assegurar o bem estar dos trabalhadores e garantir que os ambientes e condições de trabalho sejam seguros e saudáveis.

De acordo com o laudo, as vítimas faziam serviço de manutenção em local com risco químico usando andaimes sem escadas. Esses andaimes, segundo o documento, “acabaram por prejudicar a fuga dos trabalhadores”.

Acidente

O acidente aconteceu no dia 18 de setembro de 2022. Segundo laudo da Polícia Científica, a empresa costumava desligar o sistema de geração de frio aos domingos.

No dia do acidente, os operadores da sala de máquinas iniciaram às 4h a parada do sistema de refrigeração para que fosse iniciado um procedimento de vazio da tubulação. Após o desligamento da sala de máquinas, que foi finalizado às 8h, terceirizados iniciaram o serviço de solda.

Por volta das 15h, os funcionários continuaram o serviço de solda na sala de máquinas e às 15h38 a bomba de amônia ligada localizada mais ao fundo da sala de máquinas, teve os parafusos do seu corpo rompidos e iniciou um grande vazamento. Segundo o laudo, na ocasião, não houve acionamento automático de alarmes. Dos sete funcionários que estavam no local naquele momento, apenas cinco conseguiram correr para londe da nuvem de amônia.

Fonte:G1

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