Smart de 15 anos: veja como seu celular poderia ser ‘infinito’

Especialistas denunciam obsolescência programada e Apple e Samsung são multadas na Itália

Por quanto tempo você consegue usar seu celular novo sem que ele comece a apresentar falhas? Uma matéria publicada pelo El País afirma que, cerca de dois anos depois de comprado, um aparelho já começa a apresentar falhas que, dependendo do nível de paciência e necessidade, fazem com que seu dono se veja obrigado a comprar outro. O tempo curto de vida útil dos eletrônicos assusta, principalmente quando comparamos aos primeiros celulares, computadores e notebooks que compramos.

Mas, se a tecnologia avança a cada dia, como é possível que celulares e eletrônicos em geral comecem a ter problemas de funcionamento tão cedo? Em entrevista ao El País, Benito Muros, presidente da Fundação Energia e Inovação Sustentável Sem Obsolescência Programada (Feniss), afirmou que o curto espaço de tempo entre a compra e as primeiras falhas é proposital.

“No momento, absolutamente todos os fabricantes de telefones celulares adotam essa prática. Quando o celular fica mais lento ou certos aplicativos não funcionam, o usuário já começa a pensar que é normal”, afirmou para a publicação
Segundo Muros, depois de dois anos, já é esperado que os celulares comecem a apresentar problemas graves que exigem reparos caros, podendo chegar a até 40% do valor de um novo celular. “Se a obsolescência programada não existisse, um telefone celular teria uma vida útil de 12 a 15 anos”, garante o especialista.

Apesar de não existir uma legislação clara que criminalize a prática em toda a Europa, a Itália tomou uma iniciativa que pode abrir esse debate. Há duas semanas, o país estabeleceu multas de 5 milhões € (R$ 22 milhões) para a Samsung e 10 milhões € (R$ 43 milhões) para a Apple por obrigarem usuários a instalarem uma atualização de software que tornou os celulares mais lentos. Para a Autoridade Garantidora da Concorrência e do Mercado da Itália, ambas as empresas adotaram “práticas comerciais ilegais” que causaram “avarias graves [nos dispositivos] e reduziram significativamente seu funcionamento, acelerando assim a sua substituição por produtos mais novos”.

Ao El País, Enrique Martínez Pretel, membro do Conselho Geral de Associações de Engenharia de Informática da Espanha, afirmou que, apesar de ser animador ter um pontapé nas discussões sobre obsolescência programada, o valor da multa é ínfimo para as empresas. Para se ter uma ideia, a Apple foi multada por efetuar a manobra em iPhones 6. Apenas no quarto trimestre de 2014, que foi o ano em que o aparelho foi lançado, a gigante americana lucrou 16,04 bilhões € (R$ 70 bilhões).

Na Europa, apenas Itália e França contam com medidas para erradicar a obsolescência programada. Já no Brasil, apesar de mal vista, não há nenhuma legislação que criminalize a prática. A polêmica ao redor do mundo se agrava quando consideramos as estimativas feitas pela ONU, em 2017 de que, em doze anos, o lixo eletrônico mundial acumulado vai pesar mais de 580 milhões de toneladas, que é o peso do Pão de Açúcar.

Via El País

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