Nos principais estados produtores do país, houve queda no preço do suíno vivo, aponta a Bolsa de Suínos
O mês de janeiro é sempre difícil para a economia brasileira, devido à retração no consumo das famílias. É o período de férias escolares e de mais contas para pagar. Na suinocultura, o calor foi outra contribuição negativa, uma vez que reduz o consumo da proteína. Todos esses fatores contribuíram para a queda de preço do suíno vivo no mês passado, de acordo com Juliana Ferraz, analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Outro ponto negativo foi a queda nas exportações da carne.
Nos principais estados produtores do país, houve queda no preço do suíno vivo, aponta a Bolsa de Suínos, divulgada pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Apenas na última semana, em Santa Catarina, o valor do quilo do suíno vivo passou de R$ 3,61 para R$ 3,32. A retração foi de 8%. Houve queda ainda em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e São Paulo.
A Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg) aponta que houve vendas por parte de suinocultores a valores inferiores ao acordado na Bolsa de Suínos da semana passada, o que fomentou baixa de preço. Diante disso, a orientação é para que aqueles que possuírem animais com pesos leves segurem as vendas, a fim de ajudar no equilíbrio de oferta e demanda, que ajustada possibilita a busca por melhores preços. “Já os produtores que não tiverem condições de segurarem as venda, que pratiquem o preço acordado e não vendam, de forma alguma, abaixo deste valor, uma vez que não há motivos para tal”, pediu a entidade.
Exportações menores
A retração no preço do suíno nos estados em janeiro decorre de existência de estoques por partes das indústrias. Segundo Juliana Ferras, do Cepea, os frigoríficos não acreditavam que janeiro registraria vendas tão ruins. “Com o comprometimento da renda no período, o consumo ficou ainda pior, não só para a proteína suína, como das demais”, diz. Com o estoque elevado pelas indústrias, aumenta o poder de barganha dos frigoríficos, o que reflete na redução de preços pagos aos produtores.
O calor de janeiro também contribuiu com a baixa do consumo da carne suína, afirma a analista. Outra contribuição negativa foi a queda nas exportações. O mercado começou o ano otimista com a possibilidade de compras maiores pela China, o que não ocorreu. “Em janeiro, a queda nas exportações foi de 15%, comparado com dezembro. Ainda há expectativa de que China retome exportação, mas não ocorreu isso em janeiro, o que frustrou o setor”, analisa Juliana Ferraz.
O mercado vive incertezas diante do cenário que se apresentou em janeiro. Agentes do setor se dividem entre a cautela e o otimismo. “A Rússia já retomou as compras, mas em volumes bem menos expressivos que no passado. E muitos acreditam que a China ainda deve começar a importar mais carne suína do Brasil”, conclui.